𝒜 𝐼𝒹𝑜𝓁𝒶𝓉𝓇𝒾𝒶 𝐸𝓋𝒶𝓃𝑔𝑒𝓁𝒾𝒸𝒶 𝒹𝑒 𝒞𝒶𝒹𝒶 𝒟𝒾𝒶


 

𝒜 𝐼𝒹𝑜𝓁𝒶𝓉𝓇𝒾𝒶 𝐸𝓋𝒶𝓃𝑔𝑒𝓁𝒾𝒸𝒶 𝒹𝑒 𝒞𝒶𝒹𝒶 𝒟𝒾𝒶



A avareza é idolatria. (Colossenses 3:5) A avareza é um apego e um amor excessivo pelas riquezas deste mundo., é assim que o dicionário define o termo, mas a bíblia vai mais além. A voz do Espírito Santo clama que a avareza é idolatria. É um pecado mais sério do que imaginamos, pois a definição convencional não ultrapassa o conceito de estima excessiva por riquezas. A idolatria de acordo com a Palavra de Deus é um pecado gravíssimo, e está associada com os demônios (I Coríntios 10:20). A palavra avarento vem do latim “avarus” que define o sentimento que querer muito e desesperadamente. É uma afeição desordenada e apaixonada pelo materialismo e pelas coisas deste mundo. Em Mateus 6:24 e Lucas 16:13 Jesus fala que não podemos servir a dois senhores, a Deus e a Mamom. Mamom é uma transliteração de uma palavra hebraica, e significa dinheiro. Associada com Colossenses 3:5, podemos concluir que demônios podem agir por trás de qualquer coisa que se torne objeto de veneração e adoração. O conceito de adorar e venerar ídolos é uma prática comum entre pagãos alheios a luz do evangelho, isso parece soar razoável, porém a idolatria não é só a veneração de divindades falsas, é sim a veneração de todas as coisas que ocupam a posição de uma importância tal, que o homem se apaixona desordenadamente por elas. Assim o poder, o sexo e o dinheiro e até outras coisas como organizações políticas e também personalidades políticas e religiosas carismáticas podem tornar-se objetos de culto e veneração. Não há limites para a idolatria, o que ocorre hoje em dia é que até mesmo ateus e agnósticos que se tornam celebridades no meio acadêmico espiritualmente cego, acabam virando ídolos veneráveis e divindades da sabedoria natural. Tudo que ocupa o primeiro lugar na veneração afetiva é um ídolo erguido dentro do coração.

Talvez o amado leitor perceba que tenho alternado os termos veneração e adoração como sinônimos, o que é verdade, porque na práxis, eles realmente são. Veja por exemplo, nos escritos antigos dos primeiros cristãos, a Carta a Diogneto que foi escrita lá pelo ano 120 DC mais ou menos. No preâmbulo, capítulo 1 da carta citada, o autor cita o “Venerus” ligado a adoração dos cristãos ao Senhor, e no capitulo 2 cita o “Venerus” ligado a praticas idolátricas. Assim o contexto da carta admite que a veneração e adoração seja uma mesma prática (1)

Voltemos ao assunto do dinheiro e riquezas. O cristianismo nunca foi caracterizado pela avareza e opulência nem mesmo nunca houve uma religião cristã glamourizada no Novo Testamento. As inclinações de Cristo eram para a pobreza, os apóstolos seguiram o mesmo caminho. A igreja mais materialista é ao mesmo tempo a mais desviada das doutrinas fundamentais do Evangelho: Laodicéia. (Apocalipse 3:14 a 22)

Na era da graça, a vida espiritual é desprendida completamente dos reinos do mundo e suas glórias. (Veja Filipenses 3:20) Não há lugar para a opulência e o orgulho na espiritualidade cristã. O que podemos é usufruir como mordomos daquilo que o Senhor nos dá, mas as nossas afeições não podem ser inclinadas para um amor doentio pelo dinheiro. Não há uma ênfase da vida cristã autêntica para o materialismo e sim para o desprendimento das coisas materiais. Vimos por exemplo na história do Rico e do Lazaro, creio que seja uma história verídica, e que Lazaro conheceu Cristo através dos apóstolos ou pessoalmente e se converteu a Ele. (Lucas 16: 19 a 31) O fato do Lazaro ser levado ao seio de Abraão importa que seja compreendido em dois fatores fundamentais; o primeiro é que ele conheceu a Cristo e o segundo é que se converteu á Cristo e foi um salvo (Atos 4:29). Note que mesmo sendo um salvo ele continuou na pobreza, como um mendigo. O rico tinha apenas uma religião tradicional e o mendigo tinha um salvador pessoal, e isso fez uma grande diferença para os dois e fará também para cada um de nós.

Hoje em dia vimos pessoas se apegando aos bens materiais, as coisas desse mundo parecem cativar a maioria dos cristãos atuais. Há poucas pregações contra a avareza e muitos incentivos á uma vida próspera. O amor ao dinheiro tem sido não só uma inclinação mundana, mas uma enfermidade moral eclesiástica no mundo pós-moderno. As riquezas têm o poder de corromper, olhe para a história do homem, os grandes crimes, as maiores guerras, os grandes conflitos sociais quase sempre envolvem dinheiro, poder e sexo, mas por trás muitas vezes de Inclinações potencialmente malignas como a pornografia, está o amor ao dinheiro. De modo que o “Mamonismo” é o movimento mais potencialmente letal que existe hoje em dia dentro da cristandade e o menos combatido pelos profetas modernos, e é a abominação mais tolerada no evangelho moderno com suas tendências absurdas ao materialismo, conforto e vida próspera. É assim que podemos caracterizar a igreja ocidental e suas fortes inclinações para o conforto, que é a propaganda mais sedutora de Mamom.

Eu não estou dizendo que é errado trabalhar e ganhar dinheiro, se você é impulsionado e controlado por uma vida no Espírito, a inclinação sempre será para a compaixão e o amor, se você semeia na carne colhe as mais devastadoras corrupções, torna-se um idólatra avarento e um abominável idolatria. O ego humano é um abismo sem fundo, e quase sempre toda a sede ou fome que se projeta dentro dele, é insaciável e sempre acaba saindo fora do controle. As tendências modernas em querer classificar criminosos como doentes, é uma falácia. Há crimes como furtos, trapaças, latrocínios, golpes, estelionato, mentiras, porque há a avareza por trás desses impulsos descontrolados. Há também inúmeros falsos pastores e falsos profetas, falsas religiões e falsas igrejas, porque há idólatras avarentos por trás dessas instituições carnais e diabólicas travestidas de cristandade. Geralmente o cristão sábio precisa ter discernimento espiritual para perceber quem é um mamonista, um idolatra, alguém que faz uso do nome da fé cristã, para pedir aos outros, mas nunca fala em compartilhar o que tem de sobra com quem tem necessidade. É necessário que se desconfie daqueles que falam das riquezas numa abordagem pessoal e egocêntrica, pautada em interesses puramente pessoais e nunca falam em sacrificar parte de seus bens em prol de quem nada tem.

A avareza é uma idolatria mais versátil, ela às vezes está escondida por trás do automóvel novo, do emprego, da denominação e até mesmo do púlpito e dos templos. Há idolatria por trás dos títulos eclesiásticos, pelas posições elitizadas dentro das denominações, há idolatria na roupa e na moda, esses ídolos versáteis têm seus nichos no homem interior e seus santuários mais exóticos estão dentro do coração humano.

Permita-me ser mais sucinto e ousado, pois sempre que olhamos para passagens como Apocalipse 21:8 onde lemos que os idólatras serão lançados no lago de fogo, quase sempre imaginamos os pobres pagãos e bárbaros sofrendo terrível sentença apocalíptica. Mas na verdade, todos os avarentos evangélicos também estarão sofrendo a mesma sentença, aquele seu pregador preferido de horário nobre de televisão que construiu um império financeiro as custas do nome de Cristo apenas para usufruir dos prazeres propostos pelo materialismo também estará lá. Aquele ministro cujo assunto central era dízimos e ofertas, mas que ao mesmo tempo nunca se interessou pelas viúvas e órfãos, também estarão entre os sentenciados. Oh! e quem sabe aqueles ministros cheios de opulências e orgulho, por causa de seus honorários elevados, produto mercantil da profissionalização da vocação, também não estejam entre os infelizes, e até mesmo o leitor que ofendido pelo texto, por sentir que a matéria suscitou acusações contra seu líder religioso favorito, o qual idolatra cegamente, não esteja entre os tais? Que episódio triste e lamentável. Que hipocrisia acusar hindus, budistas e católicos romanos de idólatras e ao mesmo tempo idolatrar dinheiro, bens materiais, títulos eclesiásticos, denominações, casas, carros, artistas gospel, pregadores e bens materiais! Para todos esses acima, a mais verdadeira de todas as expressões teológicas que foram proferidas pela boca do Santo e Divino Salvador: “Se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lucas 13:3)



Clavio J. Jacinto

Comunhão Biblica Bereiana

Paulo Lopes SC

(48) 999947392

(1) Nota: Leia Carta de Diogneto ou faça o download gratuito em http://www.corpuschristi.org.br/.../02/Carta-a-Diogneto.pdf

 

 

 

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