Adoção (Palavras Chaves da Nova Aliança I)

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1.    “Adoção” no grego não é igual ao nosso “adotar” hoje

·         Hoje adotamos quem não é filho: entramos na papelada e na vida da pessoa.

·         Na Bíblia, huiothesia é a cerimônia de “tornar-se herdeiro oficial”. O garoto já era filho biológico, mas só ganhava o direito legal de herdar no dia da festa de maioridade.

2.    Ilustração simples
Imagine um príncipe:

·         Ele nasce no palácio – já é filho do rei (isso é o novo nascimento, Jo 3.3).

·         Aos 16 anos tem a coroação simbólica e pode assinar decretos – esse ato é a huiothesia, a “adoção” bíblica.

·         Só depois da cerimônia ele aparece no balcão para todo o reino ver: “Este é meu filho e herdeiro!”

3.    Duas etapas na vida do crente
a)
Nascer de novo → torna-se filho por natureza (relação eterna com Deus).
b)
Adoção / huiothesia → recebe status legal de herdeiro (posição de honra, autoridade e futura glória).

4.    Por que ainda “aguardamos” a adoção?

·         Hoje o Espírito já nos chama de filhos (Rm 8.15-16) e já temos acesso ao Pai.

·         Falta apenas a etapa final: o corpo glorificado. Quando Jesus voltar, nosso corpo será transformado, e todo o universo espiritual verá que somos mesmo filhos do Rei. Essa revelação total é chamada de “redenção do corpo” (Rm 8.23).

5.    Resumo de três palavrinhas

·         Nascimento – entra na família.

·         Adoção – recebe o título de herdeiro.

·         Manifestação – o universo inteiro vê o título.

Assim, quando Paulo fala em “adoção de filhos”, ele não está dizendo que Deus escolhe estranhos para serem filhos. Ele está dizendo:


“Você já é meu filho; agora eu te coloco no lugar de honra, com direito a tudo que é Meu, e em breve todo o céu e a terra reconhecerão esse status!

 

A Aposta de Pascal: um convite à prudência existencial

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A Aposta de Pascal: um convite à prudência existencial


 

Como a razão, a natureza e a experiência moral apontam para além do horizonte visível


1. O ponto de partida: razão e fé não são inimigas

No século XVII, Blaise Pascal – matemático que fundou a teoria das probabilidades, físico que experimentou o vácuo e místico que escreveu os Pensamentos – colocou no centro do debate religioso uma pergunta aparentemente simples: “Como decidir sobre Deus quando a evidência não é absoluta?” Sua resposta, conhecida como “A Aposta”, não pretende provar Deus; pretende mostrar que, diante da incerteza, a escolha mais racional é abrir-se para a transcendência. Em termos de teoria dos jogos, trata-se de uma estratégia de minimização de perdas e maximização de ganhos:

·         Se Deus existe e vivemos como se Ele existisse, ganhamos tudo (vida plena agora e eternidade na presença de Deus).

·         Se Deus não existe e vivemos como se existisse, perdemos pouco – apenas alguns prazeres ilícitos ou vaidades.

·         Se Deus existe e vivemos como se não existisse, perdemos tudo (separação eterna da fonte do bem).

A lógica é brutalmente honesta: diante de um cenário de risco assimétrico, a postura “ateísta” é racionalmente imprudente.


2. A experiência moral: leis escritas no coração

Pascal parte da observação: todo ser humano, mesmo em sociedades sem Bíblia, reconhece o valor de leis morais. Quando violadas, surgem culpa, vergonha e demanda por justiça. Isso sugere que a moral não é mera convenção social, mas indicação de um “legislador” transcendente. A frase paulina “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6,7) ecoa na vida cotidiana:

·         Quem semeia injustiça colhe desconfiança, processos, solidão.

·         Quem semeia integridade colhe credibilidade, paz interior, relações duradouras.

A “lei da colheita” opera mesmo quando a justiça humana falha. Essa regularidade moral não prova Deus, mas torna plausível a hipótese de um juízo ulterior que conserte as injustiças não reparadas aqui – exatamente o que Hebreus 9,27 antecipa: “Está estabelecido que o homem morra uma só vez, vindo depois disso o juízo”.


3. O princípio da precaução aplicado à eternidade

No Direito e na Engenharia adota-se o brocardo in dubio pro reo ou, no trânsito, “Na dúvida, não ultrapasse”. A mesma lógica deveria reger a maior das apostas. Se existe até uma remota possibilidade de que nossas escolhas ecoem na eternidade, a prudência máxima é viver como se Deus existisse. A dúvida, longe de ser inimiga da fé, torna-se motor de sabedoria: ela nos impede de arriscar o irreparável.


4. Metamorfoses naturais: sinais de que a transformação é a regra, não exceção

A natureza ensina que o que hoje é larva pode amanhã ser borboleta; que uma ninfa de cigarra passa 17 anos no escuro antes de emergir em canto celestial. Essas mudanças radicais não são milagres episódicos; são padrão. Se o cosmos opera assim, por que considerar absurda a promessa de uma “metamorfose final” – a ressurreição, o céu, o inferno? A analogia não prova dogma, mas desmonta a objeção “isso é impossível”. Na trajetória evolutiva e biológica, o impossível cotidiano chama-se vida.


5. Os limites da percepção: o horizonte não é o fim do oceano

Olhar o mar e ver uma linha reta onde “acaba” a água é ilusão de ótica. A realidade ultrapassa o campo visual. Do mesmo modo, afirmar que “não há evidências de Deus” pode refletir mais a limitação de nossos instrumentos – seja o telescópio, seja o coração endurecido – do que a ausência do Objeto adorado. A ciência secular, por definição, mede o mensurável; não pode pronunciar-se sobre o meta-físico sem cometer a falácia categoria (transportar para o terreno do “espírito” as ferramentas do “matéria”).


6. Construindo uma vida “a favor da eternidade”

1.    Intelecto: estudar as razões filosóficas e históricas que sustentam a fé, aceitando que a dúvida é espaço de humildade, não de cinismo.

2.    Moral: adotar os mandamentos não como fardo, mas como estratégia de felicidade profunda – “para que o teu corpo viva em paz na terra” (Sl 25,13).

3.    Comunhão: inserir-se em uma tradição viva (Igreja) onde a experiência de milhões converte a “aposta” em testemunho.

4.    Espiritualidade: cultivar oração e leitura das Escrituras como antenas para o sobrenatural, repetindo com o pai do filho epilético: “Creio, Senhor; ajuda o meu incredulismo” (Mc 9,24).


7. Conclusão: a aposta que transforma o presente

A Aposta de Pascal não é “seguro fúnebre” para o pós-morte; é investimento que já rende dividendos: sentido ampliado, ética coerente, comunidade solidária, esperança que não envergonha. Quando a razão admite que o horizonte não é o fim, quando a natureza celebra metamorfoses impossíveis, quando a consciência clama por justiça que o tribunal humano não garante, a atitude racional é deixar-se interpelar pelo Mistério.

Se a eternidade for um céu, quem vive “como se” já entrou nele por antecipação. Se for um inferno, quem se prepara “como se” já escapou. E, no improvável caso de ela não existir, teremos perdido apenas o peso de vivermos como larvas quando éramos chamados a voar.

Soli Deo Gloria.

 

 

C. J. Jacinto

 

UMA RESPOSTA CRISTÃ AO MOVIMENTO WOKE

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C. J. Jacinto

 

 

O termo Woke, que significa 'acordado' ou 'desperto', refere-se a uma cultura que teve suas origens nos Estados Unidos na década de 1960. Inicialmente alicerçada no movimento pelos direitos civis da época, essa cultura expandiu-se para incorporar expressões progressistas, caracterizadas por uma notável orientação política, representando uma voz do progressismo de viés esquerdista de nossos dias.

 Em outras palavras, a cultura woke se se converteu, em essência, em uma vertente de índole progressista, intimamente atrelada a determinados partidos de esquerda e correntes pós-modernas.  Contudo, o movimento exibe características peculiares. Entre elas, destaca-se a promoção de uma forma de tribalismo. Para detalhar, enumero algumas de suas particularidades:

 Em primeiro lugar, a categorização racial com uma ênfase desproporcional na identidade. Em segundo lugar, o policiamento da linguagem, com a imposição de novos termos e neologismos.
Em terceiro lugar, a cultura do cancelamento, manifestada na tendência de desqualificar indivíduos sem diálogo e na prática de boicotes a artistas e figuras públicas. Em quarto lugar, a adoção de uma visão binária e unilateral, que freqüentemente se traduz em preconceito com relação aos que opinam diferente embora tentem se apossar de uma luta social contra preconceitos.  Esses aspectos, em conjunto, indicam uma subordinação a uma doutrinação ideológica, desprovida de diálogo e avessa à aceitação de perspectivas divergentes. Trata-se, portanto, de um manifesto com uma acentuada propensão ao empoderamento, tanto político quanto ideológico, que se revela como uma genuína apostasia moral.
 Paulo, em uma de suas epístolas, discorre sobre um movimento de cunho moral, político e social. Nesse ensejo, ele profetizou que os derradeiros tempos seriam marcados por severas dificuldades. O movimento woke, por sua vez, insere-se com exatidão nesses padrões de decadência que caracterizam os últimos dias e os tempos desafiadores que ora vivenciamos O movimento, portanto, representa um desafio significativo à nossa democracia e, em particular, aos cristãos. Inicialmente, a liberdade de expressão é posta em risco e combatida por meios de reações quanto a discórdia de suas pautas. A conduta de seus membros, em muitos casos, demonstra falta de abertura para diferentes opiniões. Há uma postura de intolerância, com resistência ao diálogo. Ademais, observa-se a disposição de silenciar aqueles que divergem de seus ideais e das doutrinas que defendem.
 Outra ameaça reside na imposição de neologismos. Estes, ao criarem novas palavras ou atribuírem significados relativos a conceitos, em detrimento de seus sentidos absolutos, promovem uma interpretação flexível. Essa tendência, ao dilatar o entendimento de expressões, favorece a ascensão do relativismo moral, tornando-o uma norma subjacente que caracteriza qualquer movimento ideológico ou social de caráter progressista pós-moderno.

 Embora o uso de neologismos seja recorrente, observa-se que sua aplicação se intensifica em regimes autoritários e intolerantes. Estes, ao se oporem a qualquer dissidência, buscam impor sua visão de mundo como única e sua ideologia como verdade absoluta. O recurso aos neologismos, portanto, serve como instrumento para reinterpretar conceitos, abandonar os princípios absolutos e consolidar o relativismo moral. Em suma, a utilização de neologismos é uma prática comum a todos os regimes intolerantes. Ademais, é imperativo considerar outra característica notável do movimento woke: uma moralidade relativista e subjetiva que, segundo observações, pode minar a estrutura social e dissolver os valores tradicionais da família e da sociedade. Em vista disso, é possível inferir que o movimento apresenta elementos que divergem dos princípios cristãos e bíblicos, sugerindo uma oposição aos ensinamentos religiosos tradicionais. Conseqüentemente, parece evidente que o movimento woke também encontra suas origens ou influencias em uma esfera espiritual, possivelmente por causa de sua tendências e aspectos puramente anticristão. Além da tendência de minimizar a responsabilidade individual e promover um empoderamento coletivo, observa-se uma consequente diminuição da responsabilização pessoal pelos próprios atos. De acordo com a visão apresentada, os atos são agora interpretados como manifestações de um grupo, uma coletividade. Essa inclinação, portanto, revela-se prejudicial. A Bíblia Sagrada, por sua vez, enfatiza a importância da responsabilidade individual, um princípio fundamental contido em suas páginas, como será demonstrado a seguir.


Uma característica marcante desse movimento é a polarização radical de sentimentos. A divergência de opiniões e a contestação de seus ideais não são toleradas, gerando um sentimento de aversão. Essa intolerância se manifesta a partir do momento em que uma pessoa se posiciona contrariamente às suas idéias e as critica. Indivíduos pertencentes a esse grupo de militância demonstram, em geral, intolerância e aversão acentuada por aqueles que divergem de suas convicções.
 A motivação central desse movimento, em suma, induz seus participantes e apoiadores atados em uma forte influência ideológica, utilizar as idéias controvertidas como ferramenta política para promover agendas progressistas e pós-modernas. Atualmente, o movimento woke demonstra uma clara afinidade com a esquerda e com a desconstrução moral, característica de tendências modernas. Essas correntes buscam idealizar uma nova forma de humanidade e de sociedade, desvinculada dos valores judaico-cristãos. Em sua militância, empregam freqüentemente o discurso de ódio e a doutrinação ideológica. Para obter apoio e continuar suas atividades, procuram alianças ou associações com partidos políticos que compartilham seus posicionamentos ou ideologias similares.
 A composição do grupo demonstra uma postura de rejeição e ataque às tradições e instituições estabelecidas, com foco particular naquelas associadas aos valores religiosos, como a igreja e a família, que são frequentemente identificadas com a tradição judaico-cristã. Adicionalmente, o grupo parece divergir de interpretações históricas consolidadas, buscando promover uma reestruturação social que reflita seus ideais políticos e de militância. Essa postura se manifesta em um ativismo enérgico e crescente, com o movimento ganhando visibilidade nos tempos recentes.

O que a cultura woke e seus seguidores e defensores desejam é legitimação de comportamento em face da opinião dos discordantes, e caso contrario a reação é a intolerância por parte deles. Eles não estão se importando com justiça social coisa nenhuma! Você nunca verá a grosso modo, grupos militantes woke lutando contra a perseguição religiosa fazendo frente contra grupos terroristas que matam cristãos, embora seja fato de que os cristãos sejam o grupo religioso mais perseguidos m nossos dias. Cerca de 16 cristãos morrem por dia no mundo e quando há guerra civil em países islâmicos, o massacre sempre é evidente, o que ocorre agora (2025) em alguns países na Africa é uma prova irrefutável. Mas grupos progressistas estão apenas lutando pelos seus direitos ou daqueles que estão inseridos na sua “cultura” são seletivos e por isso o uso de dois pesos e duas medidas é ineviavel.


Uma resposta bíblica, primeiramente, ao relativismo moral. O profeta Isaías, em seu livro, capítulo 5, versículo 20, profere juízo contra os defensores do relativismo moral: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal." Essa inversão de valores é considerada abominação aos olhos do Senhor, e o juízo divino se estenderá sobre aqueles que a sustentam. Jesus, em Mateus, capítulo 5, versículo 37, afirma: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não. O que passar disto é de procedência maligna." Desta forma, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento sustentam a existência de valores morais absolutos, em oposição ao relativismo moral.
 Em relação à oposição à Igreja Cristã, instituição que, conforme a crença, foi estabelecida por Deus, podemos observar em Atos, capítulo 9, versículo 4, que, no momento em que Paulo perseguia os cristãos, ele, na verdade, perseguia a Cristo. As palavras de Jesus a Paulo no caminho de Damasco revelam essa conexão: "Saulo, Saulo, por que me persegues?". Portanto, a partir dessas palavras, depreende-se que qualquer movimento, seja político ou ideológico, que se oponha à Igreja de Cristo, manifesta oposição ao próprio Cristo. Assim, por meio dessa passagem, compreendemos que opor-se à Igreja é o mesmo que opor-se a Cristo. E é exatamente isso que o movimento woke faz de modo direto ou indireto.

 A postura cristã, diante da discordância, não é a coerção ou o ódio àqueles que se opõem à mensagem ou aos pontos de vista defendidos. Conforme as Escrituras, a orientação é clara: em Tito 3:10, a exortação é para evitar aqueles que persistem em erros e heresias, após advertências.  

 Nem Jesus Cristo, nem o apóstolo Paulo, preconizaram o ódio as pessoas em face da divergência de ideias, mesmo que estas contrariem os ensinamentos do cristianismo.

 Em 1 Pedro 3:15, a recomendação é responder com mansidão e respeito àqueles que buscam a razão da fé cristã. O cristão não é chamado a odiar, mas a amar e, conforme o Sermão da Montanha, a orar até mesmo pelos inimigos. O próprio Cristo, na cruz, exemplificou esse amor incondicional, reconciliando o mundo com Deus, apesar da oposição de todos os pecadores.

A resposta cristã, portanto, é a mansidão, o temor e a busca pela reconciliação. Em caso de persistência no erro, após as devidas advertências, a atitude a ser tomada, conforme Tito 3:10, é evitar o contato com aqueles que se mantêm irredutíveis.

A passagem bíblica de 2 Timóteo, capítulo 3, versículos 1 a 4, descreve os tempos difíceis que precederão o fim, caracterizados por uma sociedade com comportamentos que se afastam dos princípios morais. Paulo adverte sobre uma geração que, por egoísmo, se tornará amante de si mesma, orgulhosa, blasfemadora, desobediente aos pais, ingrata, profana, sem controle, cruel, indiferente aos outros, traidora, implacável, arrogante e mais afeiçoada aos prazeres do que a Deus. No que concerne à instituição familiar, Jesus a estabeleceu e defendeu, conforme se observa em Mateus, capítulo 19, versículos 5 e 6.

 Em relação ao coletivismo defendido pelo movimento woke, a Bíblia, em Romanos, capítulo 14, versículo 12, estabelece de forma inequívoca a responsabilidade individual. O apóstolo Paulo adverte que cada um prestará contas de si mesmo a Deus. Portanto, essa passagem bíblica evidencia que o ser humano será pessoalmente responsabilizado por suas ações perante o Senhor. Assim, o ensinamento bíblico enfatiza a responsabilidade pessoal como um valor fundamental, explicitamente demonstrado nas Escrituras. Que estejamos vigilantes em relação às tendências perniciosas de nossa época. Freqüentemente disfarçadas sob a roupagem da justiça social, essas tendências, em sua essência, contrariam os valores bíblicos e se opõem aos princípios judaico-cristãos, constituindo-se, portanto, em um instrumento do mundo contra a Igreja de Cristo. Estejamos conscientes e preparados não apenas para enfrentar, mas também para perseverar diante dessas inclinações que caracterizam a nossa era, marcada pela proliferação da iniqüidade, conforme advertiu o Senhor Jesus acerca do fim dos tempos.

 

Entenda um pouco mais aqui:

https://australiaunwrapped.com/woke-culture-what-is-it/