Autor: C. J. Jacinto
A projeção astral, também conhecida como excursão da alma, é um fenômeno presente em diversas tradições ocultistas e esotéricas. Sua descrição varia entre diferentes vertentes do misticismo, aparecendo em experiências de quase-morte (EQM), em manuscritos antigos como O Livro Tibetano dos Mortos e em práticas espiritualistas modernas, como a projeciologia.
Os fenômenos psíquicos incluindo projeção astral ou a sensação de sentir o espírito flutuando fora do corpo, tem suas raízes no gnosticismo e no neoplatonismo, Agostinho, Duns Scotus Erigena e Pseudo Dioniso Aeropagita foram “mestres” antigos que introduziram dentro da cristandade o neoplatonismo. A infiltração do pensamento neoplatonico exerceu uma enorme influencia na mística e no pensamento teológico cristão posterior, é na raiz do neoplatonismo. O conceito chave do pensamento neoplatonico é o dualismo espírito/matéria. A experiência da libertação da alma do corpo é um conceito chave no neoplatonismo como podemos observar numa obra clássica sobre o pensamento esotérico: “Os neoplatonicos ensinavam, como os gnósticos, que a alma humana havia se separado de Deus ou do divino e, ao mesmo tempo, seguindo a lei da gravidade, caira das esferas divinas, ficando presa no âmbito material. Portanto, a tarefa da alma é soltar-se da prisão material e, finalmente, unir-se outra vez com o divino” (Historia do Esoterismo Mundial – Hans-Dieter Leuenberger – Editora Pensamento -Pagina 81)
Interessante é que esses fenômenos parecem ocorrer numa espécie de atmosfera, onde a alma voa, flutua ou viaja, esse espaço parece ser o habitat dos anjos caídos, Paulo fala do príncipe da potestade do ar (Efésios 2:2 e também de principados, potestades e hostes espirituais da maldade que vivem nos lugares celestiais, o que seria esses lugares celestiais? Suponho e tudo indica que sejam esses espaços onde xamãs, feiticeiros, esotéricos e místicos entram para manter contato com seres de outras dimensões, ou o lugar de origem dos supostos alienígenas e suas naves e os espíritos mentirosos que se identificam como mortos, anjos, mestres ascensionados, etc. Veja também 6:10 a 18)
O problema esotérico ocultista e sua infiltração venenosa através do gnosticismo foi um problema na igreja de Colosso, Paulo ao escrever aos Colossenses advertiu: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses 2:8) Devemos prever que o engano fascina (Gálatas 3:1) e o método diabólico é promover a fascinação religiosa por meios de experiências onde até ele mesmo pode vir disfarçado de um anjo de luz (II Coríntios 11:14) O engano mais insidioso por meios mais sutis é o prazer sensorial e a experiência do belo, a falsa transfiguração de uma luz celestial. essa imitação dos demônios tem seduzido o homem desde o Jardim do Eden até nossos dias atuais.
A Perspectiva Espírita sobre a Projeção Astral
No espiritismo, um fenômeno semelhante é denominado bilocação, conforme definido pelo escritor espírita Ernesto Bozzano em sua obra Fenômenos de Bilocação:
"O termo ‘bilocação’ é utilizado para denominar o fenômeno supranormal em que um mesmo indivíduo aparece simultaneamente em dois lugares distintos. Na realidade, o que ocorre nesse fenômeno é a separação temporária, nos seres encarnados, entre o espírito e o seu corpo físico."
A Experiência de Paulo ao Paraíso Pode Ser Uma Referência Bíblica?
Alguns tentam usar a experiência do apóstolo Paulo descrita em II Coríntios 12:1-4 para justificar experiências extracorpóreas. No entanto, essa interpretação não se sustenta, pois o próprio Paulo não soube definir se sua experiência foi no corpo ou fora dele. Diferente das descrições de projeção astral, sua elevação ao terceiro céu não foi induzida, mas espontânea. Foi única na experiência dele, não foi um evento repetitivo, mas somente para um determinado momento com propósitos definidos pelo contexto. Além disso, Paulo destaca que ouviu coisas inefáveis, sem mencionar visões ou encontros com outras pessoas.
A frequência com que alguns carismáticos afirmam ter experiencias de arrebatamentos (Tanto para o céu quanto para o inferno) podem se sustentar sob uma rigorosa exegese das Escrituras?
Projeção Astral e o Misticismo Carismático
No meio carismático, há relatos de experiências similares associadas ao chamado "batismo com o Espírito Santo", como narrado no livro O Vinho Novo é Melhor:
“Então levantei minhas mãos e comecei a louvar a Deus de todo o meu coração. (…) De repente, fui tomado pelo Espírito. Era algo estranho, algo assim como uma experiência ‘fora do corpo’, quando meu espírito parecia estar vendo dentro de outra esfera. (…) Fiquei maravilhado quando percebi que o homenzinho se parecia exatamente comigo!” (Robert Thom, O Vinho Novo é Melhor, p. 91).
Porém, essa experiência não encontra respaldo bíblico. Nenhum dos discípulos relatou vivências semelhantes no livro de Atos dos Apóstolos, tornando essa prática altamente questionável dentro do cristianismo.
A Experiência Fora do Corpo no Misticismo Católico
O fenômeno também é encontrado no misticismo católico, conforme mencionado no livro Entre Cristianismo e Nova Era:
“Teresa d’Ávila já fazia ‘saídas do corpo’ – Não foi a Nova Era que inventou isso! E o cura d’Ars! Quando se reza muito, sofre-se invariavelmente fenômenos como bilocação, saídas do corpo, estigmas... O que aliás não é prova de santidade...” (Entre Cristianismo e Nova Era, Monique Hebrard, p. 18).
Esses fenômenos sempre estiveram presentes em tradições esotéricas, o que levanta questionamentos sobre sua origem e autenticidade espiritual.
A experiência espiritualista no catolicismo: O próprio Dom Bosco narrou sua experiência de contato com os mortos quando fez um voto com seu amigo Luigi Comollo, quem morresse primeiro voltaria para confirmar se estava “salvo” ou não. Comollo morreu primeiro, e voltou para confirmar sua “salvação” depois de falecido, para espanto de Dom Bosco (Citado Pelo Padre Quevedo em “Os Mortos Interferem no Mundo? Pagina 157)
O Que é a Projeção Astral?
A projeção astral é definida como a separação da consciência do corpo físico para um “corpo astral” secundário. Essa prática é amplamente explorada em trabalhos mágicos e em experiências espirituais:
- Frequentemente acompanhada por fortes vibrações de alta frequência.
- O indivíduo pode sair do corpo pela cabeça ou pelo plexo solar, ou flutuar para longe.
- A reentrada ocorre de forma semelhante, seja retornando pela cabeça ou "derretendo" de volta ao corpo.
O fenômeno é abordado de maneira ampla na literatura ocultista e esotérica:
- Experiência Fora do Corpo (EFC)
- Viagem Astral
- Jornada Espiritual
- Peregrinação da Alma
Fontes esotéricas, como Occult World (3) e Dreams (4), apresentam a projeção astral como um fenômeno desejável e até mesmo benéfico. No entanto, do ponto de vista cristão, as experiências extracorpóreas são estados alterados de consciência, frequentemente ligadas a práticas ocultistas perigosas.
Um Perigo Espiritual?
A projeção astral pode parecer fascinante, mas qualquer pessoa sensata deve considerar os riscos. O site Got Questions (6) adverte:
"Uma experiência fora do corpo, como a do apóstolo Paulo, deve ser tratada da mesma forma como um sonho - um fenômeno inexplicável que pode fazer uma boa história, mas não nos dá a verdade. O único lugar onde encontramos a verdade absoluta é a Palavra de Deus."
O maior perigo dessas práticas está na abertura para o mundo espiritual, onde espíritos enganadores podem influenciar o indivíduo. Muitos espiritualistas alertam sobre os riscos, mas falham em usar o teste bíblico para discernir os espíritos descrito em I João 4:1-6.
Conclusão: A Autoridade da Escritura Como Proteção
Nenhum cristão que segue o princípio do Sola Scriptura cai nessa armadilha demoníaca. A autoridade da Palavra de Deus é clara ao determinar que as experiências espirituais devam estar rigorosamente submetidas às Escrituras e isso é uma base firme pelo qual Cristo confrontou o diabo na tentação (Mateus 4:1 a 8) O uso correto das Escrituras derrotou o diabo que fez uso errado das Escrituras. A tentação foi uma aparição sobrenatural, foi um fenômeno paranormal, se quisermos entender a natureza e o caráter da tentação. Porém a autoridade final que Jesus fez foi o uso das Escrituras.
A projeção astral pode parecer um fenômeno fascinante, mas não passa de uma perigosa ilusão espiritual, que pode levar a enganos profundos. O caminho da verdade está na simplicidade do Evangelho, que não necessita de experiências místicas para conduzir o homem à presença de Deus.
Infelizmente o teste dos espíritos de I João 4:1 a 6 é desconhecido nos meios carismáticos e nem sequer é usado por católicos envolvidos com o misticismo e experiências de aparições e fenômenos sobrenaturais envolvendo desdobramentos psicológicos e transcendência da consciência (7)
Como podemos entender o mecanismo da vida consciente e discernir que experiências de projeção astral e fenômenos desse gênero são antibiblicas e perigosas? O Dr Dave Hunt em “A Sedução do Cristianismo” explica de modo exato essa questão: “Deus determinou que o espírito do homem funcionasse dentro do corpo, que por sua vez opera num universo físico de espaço/tempo/matéria e está sujeito a leis que determinam a ordem nesse reino. É-nos proibido tentar fazer contato com espíritos desencarnados, sejam eles anjos, demônios ou espíritos de pessoas mortas. Esses todos vivem noutra dimensão que é limitada por suas próprias leis, que não podem medir com nossos instrumentos científicos, nem entender com base em nossa experiência material, nem manipular com formulas ou rituais. Quando essas entidades se introduzem no mundo físico sob a forma de fenômenos psíquicos, as coisas que fazem parecem milagres sobrenaturais aos nossos olhos, mas são tão naturais para a dimensão espiritual da natureza em que vivem como fatos do cotidiano que nos parecem perfeitamente naturais” (Pagina 120-121). Essa explicação é formidável. muito bem discernida, e ela vale para todos os fenômenos físicos, tanto para projeção astral, quanto para supostas almas que voltam do purgatório (experiência comum entre místicos católicos) para o xamanismo e para o espiritualismo e ocultismo.
Bibliografia
1. O Vinho Novo é Melhor. Robert Thom. Editora Vida, p. 91.
2. Entre Cristianismo e Nova Era. Monique Hebrard. Edições Paulinas, p. 18.
3. Occult World – Astral Projection
5. Advent Desk – Estados Alterados de Consciência
6. Got Questions – Experiência Fora do Corpo
7. Veja: https://www.mysticsofthechurch.com/2010/08/how-to-get-rid-of-evil-spirits-demons.html (Não mencionam o que a bíblia ensina e inventaram praticas que a bíblia nunca ensinou, no âmbito teológico do Novo Testamento isso fatal!)
0 comentários:
Postar um comentário