PÓS-MODERNIDADE E A REDUÇÃO DA IMPORTANCIA DA PESSOA DE CRISTO

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Considero a definição abaixo do conceito de pós-modernidade, como uma das mais concisas que encontrei:

 

O pós-modernismo é notoriamente difícil de definir. A palavra “pós-moderno” é usada de diversas maneiras, e o pós-modernismo ou pós-modernidade é um fenômeno complexo e com cabeça de hidra que não se presta a uma caracterização fácil. O pós-modernismo pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Para o arquiteto, artista ou romancista, o pós-modernismo refere-se a um estilo particular; para o filósofo, designa um afastamento da epistemologia cartesiana; para o teórico político, sinaliza o fim das ideologias utópicas; e para o economista, pode descrever a transição de uma economia da era industrial para uma economia da era da informação. A pós-modernidade parece ser melhor descrita do que definida. É mais um estado de espírito do que um movimento, com o seu impacto sentido não só na academia, mas também na cultura (popular) em geral. 2 É geralmente reconhecido que a pós-modernidade representa um novo capítulo na história cultural do mundo, embora até que ponto está relacionada com a modernidade seja uma questão de debate. Alguns estudiosos entendem a pós-modernidade como uma nova fase na reflexão filosófica, enquanto outros a vêem como uma forma de hipermodernidade. (1)

Hoje em dia, a relativização de conceitos e termos, a elasticidade da moralidade, o desdobramento da linguagem e o afrouxamento de absolutos e dos valores de identidade comprometem toda a estrutura do cristianismo. Há uma força que tenta desestruturar o universo e a criação, na verdade desde a queda, que deve ser vista como um fato histórico, uma força maligna comprometeu com as estruturas do cosmos, permita-me chamar essa força de pecado. O pecado arrasta a humanidade para um abismo, para o inferno. Metodicamente abalou a ordem cósmica, tudo está comprometido. O que vimos nos primeiros séculos com o surgimento do gnosticismo foi uma força espiritual, uma reação contra a unidade da verdade em Cristo Jesus. As controvérsias em torno da encarnação de Deus Filho, Sua identidade divina estava comprometida. A força espiritual era centrifuga, parece que houve uma reação para tirar a qualquer custo, a Pessoa de Cristo do centro da verdade, e inventar outro para colocar no lugar. Essa era a movimentação gnóstica, uma reação contra a materialização do Divino, a impossibilidade de uma teofabia absoluta, claro que um movimento espiritual dessa natureza tende a corroer as bases da ortodoxia e minar as bases do Novo Testamento. Acredite! eu tenho uma certeza, mesmo sendo suposição minha, estou plenamente convicto, que o Espírito Santo atuou de modo pratico a reunir os documentos do Novo Testamento, justamente para definir a verdade contra uma tendência oposta que por fim levou muitos a cultuarem a serpente do Eden como uma doadora de iluminação espiritual e por fim atacaram o Deus do Antigo Testamento, a Pessoa Divina de Yaweh como um demiurgo maligno, essa inversão dos valores espirituais foi uma conseqüência direta da rejeição de um Cristo bíblico, neotestamentario.  negar a encarnação da divindade forçou os partidários do gnosticismo a inventarem um outro Jesus que se encaixasse na cosmovisão distorcida do movimento que emergia naquele momento em que a igreja cristã estava dando os primeiros passos, e com tal fúria  levantou-se tal movimento espiritual anticristão, que não respeitou nem mesmo a presença de alguns apóstolos, que ainda estavam vivos quando ele começou a se estabelecer nos primeiros séculos.

A pós-modernidade caminha na mesma direção. Há uma luta, sempre para comprometer a identidade do cristianismo, e a igreja emergente é um exemplo claro, suas objeções e disputas contra absolutos e a tendência de emancipação do tradicional para os cultos neoliberais são provas irrefutáveis quanto a isso.

No centro está à disputa pela identidade verdadeira de Jesus e os ensinos do Novo Testamento como verdades absolutas que precisam ser praticados, observados, memorizados e defendidos. Mas meter-se a defender e praticar isso, será não somente um desafio na pós-modernidade, o mundo vai inclinar-se ao espírito do anticristo, e nunca irá tolerar um cristão que defenda absolutos, jamais aceitará conviver face a face com algum cristão que não aceite as pautas do relativismo e do pragmatismo. Cristãos que crêem em fundamentos bíblicos e doutrinas inegociáveis. como a divindade e a encarnação de Cristo, a ressurreição literal do Senhor e Sua vinda triunfante, cristãos que ainda continuam dando nomes corretos para conceitos relativizados pelo mundo, chamando desvios morais de pecado, não de problemas ou  opções pessoais, etc. Cristãos que não atribuem uma natureza ambígua  sobre o conceito de verdade, como se ela fosse definida por uma questão puramente social e pessoal, serão chamados de radicais inimigos do “estado” ou da “sociedade”. Para um cristão comprometido com a fé cristã autentica, os dias que se aproximam não são nada bons, sua única esperança é permanecer com os olhos para a mesma direção em que os discípulos estavam olhando quando Cristo subiu os céus no monte das oliveiras: Para o céu, aguardando e clamando pelo retorno de Cristo!

A pós-modernidade tenta desconstruir absolutos, e isso vai de encontro ao que Marcus Honeysett denominou de “A singularidade de Cristo”:

“E quanto à singularidade de Cristo? O que queremos dizer quando dizemos “a singularidade de Cristo”? E quais são as implicações da Sua singularidade para uma cultura contemporânea que nega a verdade e diviniza o eu?

Cristo é único em todos os aspectos, não é? Ele é único em conhecimento, Seu ensino é único, Sua morte e ressurreição são únicas, Seus milagres são únicos, Sua vida sem pecado é única, Seu ministério de resgate é único. A maneira como Ele revela Deus é única. “Seu caráter é único tanto rei quanto servo.” (2)

Vivemos numa era de declínios, enfraquecimentos, dissimulações, fragmentações e a Pessoa de Cristo, seus atributos e natureza estão sofrendo ataques de formas bem imperceptíveis, não mais por confrontos, mas por omissões. No primeiro século, não houve qualquer movimento contra a existência de Cristo, a historicidade de Cristo está muito bem sedimentada na historia, não me preocupo com os opositores antigos que atacaram a historicidade de Cristo, eles são muito controversos e desonestos, nunca estão preocupados com a existência histórica de Sidarta Gautama ou de Sócrates, e não há evidencias históricas sobre se eles existiram ou não (3) Mas eles não querem negar isso, a questão é Cristo! No começo da era cristã, o movimento emergente era o gnosticismo, não para negar o Cristo histórico, mas para diminuir a sua natureza, missão e encarnação. É evidente que Cristo poderia ser pregado, mas não como Paulo ensinou, muito menos como João apresentou, mas de acordo com uma cosmovisão esotérica, onde a pessoa de Cristo é diluída, a pessoa e obra de cristo é apresentada como divorciada de Yaweh e apresentada como uma redução, não se encarnou, não expiou pecados, não houve substituição penal nem morte vicaria na cruz, a salvação é apresentada como um conhecimento elitizado alcançado por esforços próprios, o que de certo modo é visto como um encontro com algum tipo de força luminosa adormecida dentro do homem ou seja, a salvação é uma conquista da experiência humanista de uma iluminação interior. A matéria é má, o mundo todo é uma ilusão, Cristo não, ele apenas parece ser, não há verdadeira carne nEle, uma divindade não pode viver uma teofania plena, Cristo não pode ter sido um homem, a materialização da divindade é uma impossibilidade para um gnóstico, a identidade e a força de expressão do ministério de Cristo sofre uma diminuição, uma descaracterização, uma dissolução e uma redução. A igreja moderna, em muitos casos, faz exatamente isso.

Como Cristo é visto hoje? Ele é apresentado como uma pessoa útil, a religião utilitarista é muito bem aceita hoje em dia, mas devemos nos lembrar que o utilitarismo está muito longe da gratidão. Porquanto a teologia de que Cristo morreu pelos nossos pecados é o cerne da mensagem da cruz, e isso por si só deveria conduzir um cristão a viver uma vida de gratidão pelo fato da graça de Deus possibilitar em Cristo Jesus, uma tão grande salvação, uma má teologia, com todas as deficiências cristologicas, muitas vezes elaboradas para produzir efeitos convenientes, arrasta multidões para um “outro Jesus”. Nunca deveríamos motivar pessoas a irem aos cultos ou ouvirem um pregador, usando como argumento atrativo, a cura física ou para receber bênçãos financeiras. Devemos levá-las a ouvirem a mensagem da cruz, a salvação pela fé em Cristo Jesus e a Sua obra perfeita que realizou na cruz do calvário.  

Outro desvio sério hoje em dia, é a tendência em alguns “louvores” que fazem sucesso, de tratarem Jesus como um “namorado”,  um espécie de garoto galã, uma redução do Seu Senhorio, confinando Jesus a uma personalidade artística ou algo que se encaixe com os padrões  humanos de emoções amorosas.

A religião utilitarista que deforma o caráter de Deus, tem sido um meio eficiente para atrair pessoas para a cristandade, em Genesis 3 encontramos a proposta da antiga serpente sobre o utilitarismo da desobediência, a promessa da quebra de uma ordem divina transformará o homem em uma divindade, aqui temos a primeira proposta de evolução, de simples humano ao nível de divindade.  E encontramos essa idéia no transhumanismo moderno:

“O sucesso alimenta a ambição, e nossas conquistas recentes estão impelindo o gênero humano a estabelecer objetivos ainda mais ousados. Depois de assegurar níveis sem precedentes de prosperidade, saúde e harmonia, e considerando tanto nossa história pregressa como nossos valores atuais, as próximas metas da humanidade serão provavelmente a imortalidade, a felicidade e a divindade. Reduzimos a mortalidade por inanição, a doença e a violência; objetivaremos agora superar a velhice e mesmo a morte. Salvamos pessoas da miséria abjeta; temos agora de fazê-las positivamente felizes. Tendo elevado a humanidade acima do nível bestial da luta pela sobrevivência, nosso propósito será fazer dos humanos deuses e transformar o Homo sapiens em Homo deus.”(4)

Ainda vimos em Mateus 4:1 a 8 que a proposta do diabo na tentação também aborda o dilema da religião utilitarista, o tentador ofereceu todos os reinos do mundo em troca da adoração, se Jesus se prostrasse e adorasse ele, receberia todos os reinos deste mundo como premio. Esse “toma lá, da cá” um trocadilho, a barganha das coisas espirituais, a negociação do torça a troca, as vantagens pessoais e os interesses egoístas, satanás sabe trabalhar e entende muito bem do assunto. A religião que tendenciosamente apresenta um Cristo que faz trocadilho e que negocia a fé, nada mais é do que uma distorção da verdade e é lamentável que isso se passe tão facilmente hoje em dia como se fosse cristianismo.

Conclusão: Que o mundo religioso passe por transformações radicais, não é uma mera expectativa vaga, a crise é sempre  uma espécie de pavimentação para algo pior que a crise: as conseqüências. Quando o império romano ruiu, isso foi uma conseqüência, o histórico dessa ruína foi a desconstrução dos conceitos e a  corrosão dos fundamentos partindo de dentro da própria estrutura. O diabo trabalha desta maneira, apenas uns 60 anos após o pentecostes, e vimos o estado lastimável das igrejas descritas em Apocalipse 2 e 3.

Com relação a Obra, a Pessoa divina de Cristo e a mensagem do Evangelho jamais podem ser minimizadas, a diluição e desconstrução da fé bíblica e ortodoxa, terá conseqüências terríveis: Milhões de pessoas que professarão uma fé vaga, não ortodoxa, equivocada. Um edifício espiritual com fundamentos superficiais não resiste aos abalos espirituais provocados pelo fim dos tempos.

 

 

 

 

 

 

(1)           https://lausanne.org/occasional-paper/following-jesus-as-the-truth-postmodernity-and-challenges-of-relativism-lop-62-b

(2)           https://www.bethinking.org/jesus/postmodernism-and-the-uniqueness-of-christ

(3)           No livro “Socrates, Jesus, Buda” Frederic Lenoir afirma que não há evidencias históricas que Sidarta Gautama e Socrates tenham de fato existido,

(4)           yuval noah harari Homo Deus Uma breve história do amanhã Pagina 24 – Campanhia das Letras Pagina 24

Bart Ehrman e sua Bíblia

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Citando Jesus erroneamente revisado 

 

por Michael Marlowe agosto de 2012

O livro de Bart Ehrman, Misquoting Jesus, foi publicado há sete anos, mas só agora comecei a lê-lo. Eu já conhecia este autor, porque há alguns anos li um livro dele chamado The Orthodox Corruption of Scripture (1993). Discordei de grande parte de seu livro anterior e duvido que a maioria dos estudiosos pense que seu tratamento das questões críticas do texto seja suficientemente sóbrio e sólido. Ehrman é um “personagem” e um pouco “bad boy” na área. Ele obviamente gosta de ser provocador. Ele adora explicações teológicas rebuscadas para variantes que outros estudiosos explicam de maneira muito mais plausível de outras maneiras. Mas Corrupção Ortodoxa não era anti-acadêmico, era extraordinariamente interessante e, na minha opinião, valia a pena ser lido. Então eu supus que este novo livro pelo menos valeria a pena dar uma olhada.

Este é um livro de nível popular, que pretende ser uma introdução à crítica textual para leigos: “escrito para pessoas que nada sabem sobre crítica textual, mas que gostariam de aprender algo sobre como os escribas estavam mudando as escrituras e como podemos reconhecer onde eles o fizeram. então” (pág. 15). Mas logo se tornou óbvio para mim que o livro é, na verdade, apenas a tentativa de Ehrman de popularizar as ideias mais peculiares e questionáveis ​​que ele trabalhou para defender no seu livro Corrupção Ortodoxa . Como introdução ao campo, é muito distorcido e inadequado, e simplesmente ignora as críticas académicas aos seus pontos de vista, pelo que não posso recomendá-lo como introdução. Inclui também discussões sobre seus próprios problemas pessoais com o cristianismo e algumas ruminações teológicas, que podem ser consideradas interessantes para alguns leigos, mas que não são relevantes para o tema da crítica textual. As partes teológicas do livro, nas quais ele se afasta da sua área bastante restrita de especialização, consistem principalmente em perguntas retóricas sarcásticas, que aparentemente são concebidas para justificar (para uma audiência de ateus convictos) a sua própria rejeição pessoal do Cristianismo. Mas as suas observações sobre este assunto não constituem nenhum argumento substancial que impressionasse alguém treinado em teologia. Ehrman pensa que a mera possibilidade de um erro na cópia destrói toda a ideia da inspiração da Bíblia. Ele repetidamente insiste com essa noção no leitor, como se ela constituísse um argumento irrespondível. Ele parece ter pouca educação em tais questões teológicas. Eu não esperava que Ehrman fosse tão teologicamente ingênuo, intelectualmente superficial e meramente irritante, como tantas vezes é neste livro.

Ouvi dizer que este livro se tornou um “best-seller”, depois de alguns jornalistas o terem elogiado até aos céus. É claro que esses jornalistas não foram capazes de avaliar as pretensões acadêmicas do livro; mas claramente eles gostaram das partes que qualquer espertinho liberal poderia ter escrito. E assim aconteceu que o livro foi comprado por bibliotecas públicas de todo o país e foi amplamente criticado pelo público americano. Várias resenhas de Misquoting Jesus, escritas por estudiosos competentes e publicadas on-line, refutaram várias declarações enganosas do livro. Mas não encontrei nenhum que abordasse certos pontos que considero importantes para a compreensão deste livro.

O principal argumento teológico do livro é que o ensino cristão relativo à inspiração da Bíblia torna-se praticamente sem sentido pela própria existência de variações nos manuscritos. Mas Ehrman não descreve ou interage adequadamente com os ensinamentos cristãos tradicionais sobre este assunto. Ele menciona apenas a noção jejuna de inspiração a que foi exposto quando era adolescente no Moody Bible Institute, entre 1973 e 1976, e o seu argumento baseia-se no efeito retórico que anedotas pessoais terão numa audiência de leigos.

Em sua introdução, Ehrman descreve o início de sua educação universitária. Depois de deixar o Moody Bible Institute, ele foi para o Wheaton College para obter o diploma de bacharel. Foi lá que ele começou a aprender grego. Ele diz que aprender a ler o Testamento grego e perceber que as versões em inglês não eram perfeitamente equivalentes a ele foi o que primeiro o levou a questionar a inspiração da Bíblia:

Aprender grego foi uma experiência emocionante para mim. No final das contas, eu era muito bom no básico do idioma e estava sempre ansioso por mais. Num nível mais profundo, porém, a experiência de aprender grego tornou-se um pouco preocupante para mim e para a minha visão das Escrituras. Desde cedo percebi que o significado completo e as nuances do texto grego do Novo Testamento só poderiam ser compreendidos quando ele fosse lido e estudado na língua original (o mesmo se aplica ao Antigo Testamento, como aprendi mais tarde, quando adquiriu hebraico). Mais uma razão, pensei, para aprender a língua completamente. Ao mesmo tempo, isso começou a me fazer questionar minha compreensão das Escrituras como a palavra de Deus verbalmente inspirada. Se o significado completo das palavras das Escrituras só pode ser compreendido estudando-as em grego (e hebraico), isso não significa que a maioria dos cristãos, que não lêem línguas antigas, nunca terão acesso completo ao que Deus quer deles? saber? E isso não torna a doutrina da inspiração uma doutrina apenas para a elite acadêmica, que tem as habilidades intelectuais e o tempo livre para aprender as línguas e estudar os textos lendo-os no original? De que adianta dizer que as palavras são inspiradas por Deus se a maioria das pessoas não tem absolutamente nenhum acesso a essas palavras, mas apenas a traduções mais ou menos desajeitadas dessas palavras para uma língua, como o inglês, que nada tem a ver com as palavras originais? (págs. 6-7.)

Notamos aqui como Ehrman parece não ter ideia do papel que os professores deveriam desempenhar na Igreja. Na sua opinião, a inspiração da Bíblia é inútil se nem todos tiverem acesso imediato e completo ao texto original, para que cada pessoa interessada possa lê-la por si mesma e compreendê-la perfeitamente, sem qualquer ajuda de uma “elite acadêmica”. O argumento só faz sentido na suposição de que um método radicalmente individualista e igualitário é o único método legítimo que Deus poderia ter usado para iluminar a humanidade. Ele continua:

Minhas perguntas ficaram ainda mais complicadas à medida que comecei a pensar cada vez mais nos manuscritos que transmitiam as palavras. Quanto mais estudei grego, mais me interessei pelos manuscritos que preservam o Novo Testamento para nós e pela ciência da crítica textual, que supostamente pode nos ajudar a reconstruir quais eram as palavras originais do Novo Testamento. Continuei voltando à minha pergunta básica: como nos ajuda dizer que a Bíblia é a palavra inerrante de Deus se de fato não temos as palavras que Deus inspirou inerrantemente, mas apenas as palavras copiadas pelos escribas – às vezes corretamente? mas às vezes (muitas vezes!) incorretamente? De que adianta dizer que os autógrafos (isto é, os originais) foram inspirados? Não temos os originais! Temos apenas cópias cheias de erros, e a grande maioria delas está séculos distantes dos originais e diferentes deles, evidentemente, em milhares de maneiras. (pág. 7)

Novamente, a suposição aqui é que Deus deveria dar a todas as pessoas todas as suas palavras, sem permitir que nenhum copista mudasse um jota ou um til, ou que qualquer estudioso falível ensinasse às pessoas o que ele deseja que elas saibam. Por que Deus não deu, a todas as pessoas, sem exceção, a Bíblia completa por um milagre perpétuo , sem fazer uso de agentes humanos comuns? Não deveria haver necessidade de escribas, estudiosos, tradutores e, na verdade, não deveria haver necessidade de escritores das escrituras, porque para que a inspiração faça algum bem a alguém, todos no mundo devem receber cada palavra de Deus imediata e individualmente. Presumivelmente, Ehrman pensaria que é inconsistente com toda a ideia de inspiração que Adão, por exemplo, não tenha tido a oportunidade de ler as epístolas de Paulo. Se Adão não tivesse tido tal oportunidade, as epístolas não deveriam ter sido inspiradas, porque não serviriam para nada. E assim por diante. Ele não leva em consideração as respostas que qualquer teólogo poderia dar a estas observações e, portanto, o seu argumento não é desenvolvido acima do nível destas objeções um tanto tolas. No capítulo final do livro, Ehrman ainda lhes pergunta:

A Bíblia é, em todos os aspectos, o livro mais significativo da história da civilização ocidental. E como você acha que temos acesso à Bíblia? Quase nenhum de nós realmente o lê na língua original, e mesmo entre aqueles de nós que o fazem, há muito poucos que olham um manuscrito – muito menos um grupo de manuscritos. Como então sabemos o que estava originalmente na Bíblia? Algumas pessoas se deram ao trabalho de aprender as línguas antigas (grego, hebraico, latim, siríaco, copta, etc.) e passaram suas vidas profissionais examinando nossos manuscritos, decidindo o que os autores do Novo Testamento realmente escreveram. Em outras palavras, alguém se deu ao trabalho de fazer crítica textual, reconstruindo o texto “original” com base na ampla gama de manuscritos que diferem uns dos outros em milhares de lugares. Então outra pessoa pegou aquele texto grego reconstruído, no qual foram tomadas decisões textuais (qual era a forma original de Marcos 1:2? de Mateus 24:36? de João 1:18? de Lucas 22:43-44? e assim por diante) e o traduziu para o inglês. O que você lê é aquela tradução para o inglês – e não apenas você, mas milhões de pessoas como você. Como esses milhões de pessoas sabem o que está no Novo Testamento? Eles “sabem” porque estudiosos com nomes, identidades, origens, qualificações, predileções, teologias e opiniões pessoais desconhecidas lhes disseram o que está no Novo Testamento. Mas e se os tradutores traduziram o texto errado? (págs. 208-9.)

Em suma, ele espera que os seus leitores fiquem escandalizados pelo facto de a educação ser necessária. Em matéria de religião, isto lhe parece inadmissível, porque implica uma desigualdade de conhecimentos. Significa que algumas pessoas terão um conhecimento mais perfeito de certos detalhes do texto original, e que o conhecimento de ninguém será indiscutivelmente perfeito. Poderíamos nos perguntar onde Ehrman teve a impressão de que o Cristianismo exige que todos obtenham um conhecimento perfeito das Escrituras, e que o obtenham sem a orientação de professores. Talvez a ideia tenha sido motivada por atitudes extravagantes demonstradas por certas pessoas do Moody Bible Institute.

Há um elemento de verdade no relato de Ehrman que deve ser admitido. Quero dizer no relato que ele faz de como ele, sendo um recém-chegado a esses estudos, ficou perturbado pela visão de todas as variantes e as viu como uma ameaça a qualquer fé na existência de um texto inspirado e confiável. Esta é uma reação comum entre jovens estudantes sérios que estão começando a estudar o assunto, especialmente aqueles que ainda não adquiriram proficiência no idioma. Mas a atitude aqui descrita não é de modo algum típica daqueles que adquiriram um conhecimento adequado do grego, familiarizaram-se com os manuscritos e estudaram grande parte da literatura acadêmica crítica de texto. Aqueles que são educados nestes assuntos normalmente não acabam torcendo as mãos e desesperando-se com os dados. Eles podem ver por si próprios quão triviais são quase todas as variantes e como avaliar aquelas que fazem a diferença. A maioria dos homens que alcançaram proeminência neste campo, homens de verdadeiro conhecimento e habilidade, acreditaram firmemente na inspiração da Bíblia. No século XIX, ninguém poderia afirmar conhecer melhor o assunto do que Tischendorf, Tregelles e Westcott. Mas esses homens eram crentes. Eles não compartilhavam da opinião de Ehrman. Bruce Metzger, a quem Ehrman dedica este livro, foi um dos acadêmicos mais conservadores em Princeton enquanto Ehrman era estudante lá, e não compartilhava dos pontos de vista de Ehrman. E temos boas razões para pensar que o próprio Ehrman não acredita que o texto original seja incognoscível, porque ele é certamente um dos estudiosos mais opinativos que vivem atualmente. Ele raramente expressa qualquer incerteza sobre a leitura original de qualquer texto que coloca em discussão. Ele evidentemente acredita saber o que o texto original dizia, com poucas exceções, mesmo quando outros estudiosos discordam veementemente dele. O verdadeiro problema é que ele não aceita a verdade das palavras que sabe serem autênticas. Sua falha em acreditar nelas não tem nada a ver com qualquer incerteza sobre as palavras originais.

Ninguém que tenha realmente estudado detalhadamente a história da interpretação bíblica ficará muito impressionado com as diferenças de interpretação que dependem de variantes textuais. Tudo isto é bastante trivial em comparação com as diferenças de interpretação que surgem de várias interpretações de textos idênticos. Mesmo quando a mesma versão é usada como base do ensino, vemos algumas interpretações muito diferentes. Nos tempos antigos, quase todos que conheciam o grego usavam a versão Septuaginta do Antigo Testamento, uma versão produzida pelos judeus alexandrinos antes do nascimento de Cristo. A utilização de uma versão comum não evitou divergências graves. Foi usado por todas as partes para apoiar suas opiniões. Mais recentemente, durante quase trezentos anos, quase todos no mundo de língua inglesa usaram a versão King James; e ainda assim, durante esse período, houve uma enorme proliferação de seitas, cada uma delas liderada por professores que encontraram suas doutrinas distintivas na versão King James. Foi usado por episcopais, batistas, calvinistas, arminianos, campbelitas e mórmons. Na Inglaterra e na América, até mesmo os judeus usaram a versão King James do Antigo Testamento durante os séculos XVII e XVIII. E hoje, as diferenças encontradas entre as versões inglesas do Novo Testamento são geralmente muito mais significativas do que quaisquer diferenças entre os manuscritos gregos no mesmo lugar. Como alguém que estudou grego e adquiriu a capacidade de ler o Novo Testamento grego, posso assegurar aos meus leitores que é um grande alívio ser libertado da confusão das versões modernas em inglês, e que nada como esta confusão de versões em inglês é produzido pelas informações fornecidas no aparato crítico de texto da edição Nestlé-Aland. O número de variantes que são viáveis ​​e significativas o suficiente para causar qualquer dificuldade séria para um intérprete competente certamente não está na casa dos “milhares”, como Ehrman gostaria que seus leitores pensassem. Eu diria que são menos de cem. E nenhuma delas é tão interessante quanto muitas possibilidades de interpretação que nada têm a ver com variações verbais dos manuscritos.

Bart Ehrman exagerou grosseiramente a importância das suas próprias opiniões e do seu próprio campo de estudo. A Igreja requer a ajuda de homens que sejam instruídos nestas questões e, como parte do ministério da Palavra, o próprio Deus chama certos homens dotados para este trabalho. Mas a mera existência das várias leituras não tem implicações tão embaraçosas para a doutrina cristã tradicional da inspiração como alega Ehrman. Seu argumento nesse sentido é inventado como uma desculpa para desprezar as palavras de Deus, depois que ele perdeu a fé em Deus por outras razões.

Michael Marlowe
agosto de 2012

 

 https://www.bible-researcher.com/ehrman1.html

Os Três Tempos da Salvação

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Os Três Tempos da Salvação

Maravilhoso Estudo Bíblico

Autor: Oswaldo M. Reis

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Recursos Para Evangelismo - Folhetos

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Folheto evangelístico para imprimir (Frente e Verso)

Titulo: Você Saberia com Certeza?

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