Obras da carne e não espíritos demoníacos.


 

Obras da carne e não espíritos demoníacos.

 

 No pentecostalismo e suas vertentes é comum a idéia de associar o adultério e outros vícios morais, classificados como pecado pelas Escrituras, como influencia de um espírito demoníaco, assim o adultero seria possuído ou induzido pelo “espírito do adultério” o bêbado pelo “espírito do álcool” e assim por diante. Essa crença é um erro gravíssimo, pois vimos que, não é bíblica, assim, ao invés de chamar o pecador a reconhecer seus pecados, é deixada a culpa aos demônios, que precisam ser expulsos dessas pessoas. Aqui temos o primeiro erro grave, e foi exatamente isso que Adão fez no Paraíso, colocou a culpa em Eva, e Eva na serpente e ninguém assumiu a culpa do pecado como vimos em Gênesis 3. Embora seja verdade que algumas tentações possam ser de origem demoníaca, nunca devemos relativizar, pois temos que lidar com a nossa natureza  pecaminosa, e isso são chamados de obras da carne e não de demônios. Ao invés de demonizar tudo, o homem deve reconhecer que tem de lutar contra a concupiscência dos olhos, a concupiscência do mundo e a soberba da vida, é isso de natureza adâmica e não demoníaca. (Veja I João 2:16 e 17) Paulo relaciona nossos pecados como obras da carne pecaminosa que herdamos de Adão:  “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas” (Gálatas 5:18 a 21). Entendo que as vezes o envolvimento com o demoníaco, é um processo por iniciativa humana, envolvimento com feitiçaria por exemplo, mas a culpa é de que se envolve, a responsabilidade é humana, a busca e o elo é previsto intencionalmente ou não pelo homem. A ideia de que pecados são demônios ou associado diretamente a influencia deles é antiga, no século VI um monge chamado Evagrio Pontico falava do combate espiritual , através de praticas de ascetismo e autoflagelação para vencer o demônio da raiva  e da luxuria. A raiva ou a luxuria não é tratada como espíritos nas Escrituras, mas como ações do homem caído. são obras da carne, é obra humana e não demoníaca. A culpa do homicida não deve ser colocada em outra entidade, quando na realidade a ação é de responsabilidade dele. Essa teoria induz pecadores e até delinquentes a se desviarem do peso da consciência e da responsabilidade de crimes e pecados que cometem colocando a culpa em outro agente, isso é antibíblico e minimiza a doutrina do arrependimento pessoal.  É verdade que muitas vezes espíritos demoníacos podem induzir algum tipo de comportamento pecaminoso, mas nunca deve ser generalizado, na maioria das vezes, quase sempre os pecados mais cruéis e devassos são obras da carne, é próprio da natureza adâmica produzir essas obras e expressão essas manifestações pecaminosas.

Pr C. J. Jacinto

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