No Mundo Tereis Aflições


 



 

João 16:33

 

Sinto muito por seus sofrimentos, eles são intensos, me faz lembrar Paulo quando declara: “Sofro o resto das aflições de Cristo” (Colossenses 1:24) Mas Cristo não prometeu um céu sobre um mundo escuro, onde a iniqüidade vem se multiplicando dia após dia, onde a vaga vida morta da Igreja de Laodiceia está impregnada na cristandade. Ele não disse que seriamos vencedores sobre nossos sofrimentos, senão que tenhamos bom animo, pois Ele venceu. Quando Cristo diz: No mundo tereis aflições, ele dirigiu as palavras aos seus seguidores. Nas mais profundas nuances da dor intima, Cristo mesmo sofre os desprezos e a agonia de ver seu povo induzindo Ele a vergonha da cruz.

 E então sabendo da vergonhosa e horrenda cruz, ele diz “No mundo tereis aflições”.  A palavra é forte como uma verdade possante, as circunstancias podem esmagar nossa vida, a igreja é feita desse tipo de gente, Pedro crucificado de cabeça pra baixo, Paulo sendo decapitado, Tiago transpasado por uma espada, Estevão sendo apedrejado, o sofrimento intenso não é uma novidade na vida cristã, que cada mártir do coliseu romano ou todos os que ilustram a pagina do Livro dos Martires de John Fox, falem por nós. A carne despedaçada nas arenas e as cabeças dos cadáveres queimados nas estacas de Nero, falem sobre a dor de ser cristão e não desistir. Pois depois de Cristo dizer “No mundo tereis aflições” aos discípulos que seriam conduzidas como cordeiros ao matadouro , Ele prossegue: “Tendes bom animo” E Paulo nas suas dores, naufrágios, surras e perseguições brada:  Quem poderá nos separar do amor de Deus? É um grito no meio do desespero, na cela de uma prisão ou na fuga dos algozes e no cansaço da carreira, nada poderia separar-nos do amor de Deus, nem perseguições, nem fome, nem nudez, nem tribulações, nem morte e nem a espada, e Paulo reitera: Nada! Mas no fundo as aflições  fermentam o ódio, a revolta, a insipiência no nosso coração, a alma se sobrecarrega de desgosto e então caímos num mar de tristeza e teremos que carregar toda a carga emocional que emerge de nosso desespero.

Mas onde nós encontramos o desespero, alguns cristãos encontraram a felicidade. A historia conta que quando a igreja tronou-se mundana ao extremo, muitos abandonaram a cidade e a igreja, e foram morar nos lugares desertos e nas cavernas, reduzindo a vida a mendicância e ao severo viver primitivo, apenas para continuar com comunhão com Deus e com oração. Movido por uma visão tão radical, Francisco de Assis, que vinha de uma família rica, abandonou tudo e fez voto de pobreza extrema e passou a viver como um homem  tão pobre que qualquer pedaço de pão caído aos seus pés, é um favor digno á sua reputação. Em tudo isso, posso supor evidencia de que não esperavam o céu na terra, mas somente o sofrer o resto das aflições de Cristo. Que o mundo e a cristandade está longe deste ideal, não resta duvida nenhuma, e que olhando para o mundo a nossa volta, vimos as coisas piorarem, pois o amor se esfria e chegará ao ponto de enrijecer os sentimentos dos mais religiosos, que na pompa de uma sofisticada forma de culto carnal, exporão a celebridade e o glamour do orgulho humanista, mas como nas cavidades mais baixas da terra, jazem em frieza e escuridão.

Nisso tudo meu irmão, as aflições de Cristo são os bens dos santos, eles padecem com o Senhor para reinar com Ele. Como peregrinos errantes suportam as dores do testemunho fiel, Watchman Nee passou muitos e muitos anos numa prisão angustiante privado de sua liberdade de pregar, e morre na cela, sendo conduzido para a glória com o selo do martírio, John Bunyan, foi preso por pregar Cristo crucificado e na cela fria da sua prisão nasceu o famoso livro “O peregrino”. O sábio e santo sabe de onde tira o néctar celestial, as maçãs precisam do frio para que receber doçura, assim o homem santo produz a espiritualidade mais doce mediante a frieza alheia para mostrar ao mundo que assim como o sândalo quando ferido doa perfume, o cristão quando afligido pelas circunstancias exala o bom perfume de Cristo.

Portanto Paulo diz “Sofre as aflições” e isso verdade, pois assim, em nenhum momento permitirás que as glórias celestiais sejam ofuscadas pelas nevoas do mundo sem Deus.

Estar onde Deus quer é uma questão individual, a fornalha foi para os amigos de Daniel, o Desterro em Patmos para o apostolo João, a masmorra e a decapitação para João Batista, e a lista é infinita, pois o estar em Deus é tudo, a intima consolação, é a presença do Deus bendito, não pessoas as circunstancias da vida, “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte Tu estás comigo”, afirmou o salmista. Deus trata com cada de nós de acordo com o material que somos a lapidação é para o diamante, o carvão para o fogo, o barro para ser amassado e o ouro purificado pelo buril.

Pensai nessas coisas, pois na vida, vi gente morando debaixo da ponte sorrindo de alegria e pessoas num palácio sofrendo as angustias da vida. A reação da nossa lapidação brilha e ganha forma ou se ofusca e se despedaça, depende do material que somos feito.

 

 

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