O texto abaixo, é um bom exemplo de como um inimigo do cristianismo, nos primeiros séculos da era cristã, que tinha disponível e com grande acessibilidade informações e materiais que não temos hoje em dia, faz apologia contra o cristianismo e contra Cristo, sem usar o argumento de que Ele nunca existiu, como indouto e profanadores de historia fazem hoje em dia, fazendo uma retórica absurda e manobras dialéticas para tentar convencer os menos avisados sobre o fato de que não há evidencias históricas a favor do Cristo histórico, a existência dos anticristãos em todas as eras é um testemunho irrefutável quanto ao fato de Cristo não ser só uma Pessoa histórica, mas também ser o Senhor da história, negar o Cristo histórico é um ultraje, mais do que uma heresia, é uma abominação produzida pelo obscurantismo da mente humana. Os inimigos da religião cristã, os anticristão antigos, até negavam que Jesus Cristo não veio em carne, eles negavam não sua pessoa histórica, negavam sim suas virtudes espirituais e princípios celestiais. Hoje em dia, quem nega o Cristo histórico, não tem verdadeira sapiência.
O Discurso Verdadeiro Contra os Cristãos
Assim chegamos a Celso, um filósofo eclético, de tendência marcadamente platônica. Esse filósofo, em nome da tradição filosófica-pagã, escreveu por volta do ano 180 a obra crítica mais radical do século II, contra os cristãos. Tudo o que os pagãos disseram até então não havia alcançado a veemência e a violência do Discurso de Celso. 1 Sua obra, o Discurso Verdadeiro Contra os Cristãos, é, de fato, a primeira grande requisitória contra o cristianismo e marca nova etapa na polêmica pagãos-cristãos. Assim, ele se faz o crítico mais encarniçado do cristianismo da Antiguidade. Celso conhecia muito bem os relatados evangélicos e contestou vigorosamente o nascimento virginal, os milagres da ressurreição e outros pontos básicos da religião cristã. Algumas de suas acusações são de caráter apócrifo, por exemplo, que Jesus tenha nascido fora do casamento, que ele era “pequeno, maldotado e ignóbil;” que, enquanto pobre, foi para o Egito e aí trabalhou como doméstico, aprendendo a magia durante sua estada; que, de volta para sua terra, vivia da mendicância e se cercara de dez ou doze indivíduos infames. Com Celso, o cristianismo já não aparece como a religião de um grupo fanático ou uma superstição sem importância e de tipo anedótico, como era visto até então. O certo é que essa obra, o primeiro texto anticristão de importância, pelo menos como se pode reconstruí-la através da obra de Orígenes, o Contra Celso, está atravessada de impulsos de um pagão culto e sincero. Nela se encontram as críticas mais radicais ao cristianismo que serão de certa forma, retomadas séculos mais tarde pelos ateus, pelos iluministas, por Marx e outros “mestres da suspeita”. A erudição platônica de Celso é reconhecida. Celso era filósofo de profissão, alimentado em Platão, Zenão e Epicuro. Entre outras obras de Platão, cita abundantemente o Crito, a Apologia, o Fédon, o Thééteto, o Timeu. Desse modo, Celso se revela homem de seu tempo, e seu Discurso Verdadeiro Contra os Cristãos testemunha uma presença viva, vigilante da filosofia. Ele atesta a assimilação pessoal de um saber filosófico e o propósito de empregar este saber a serviço e em defesa da vida pública. Seu livro nos permite compreender melhor do que qualquer outro as dificuldades para um intelectual da época de aderir à religião cristã. Em sua opinião, um filósofo não pode ser cristão. O artesão, o escravo, o homem sem laços com a cultura, estranho na cidade antiga, poderiam entusiasmar-se com a mensagem evangélica, mas que dizer dos herdeiros da civilização helênica, do homem cultivado? Celso julgava e falava em nome das idéias que se impunham em sua época como o homem de hoje fala em nome da ciência, de seus métodos e de sua tecnologia, da pós-modernidade. ( Pagina 93)
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