O Profeta.


 

 

 

Pseudo Daniel vivia no reino da Nova Nárnia, o monarca se chamava Nabuco, um cara que parecia muito legal, excêntrico e bem intencionado nos interesses pessoais. Nabuco olhou-se no espelho do palácio, recebeu em êxtase uma revelação; era divino. Então resolveu construir um santuário na Nova Terra Media e ergueu uma estátua de 10 metros, tornou-se a suma divindade da Nova Nárnia. O poder do estado entra em ação, virou lei adorar a estatua, ao som das buzinas carnavalescas e mantras tipo “grande é o Nabuco de Nova Nárnia” repetidos setenta vezes sete por dia, era a lei em vigor. O que fazer? Pseudo Daniel era quase anti-iconoclasta, o livro da lei antiga que pertencia aos ancestrais proibia a veneração de ídolos, nesse labirinto sistemático de equações espirituosas surgia um dilema de escolhas, então suas formalidades religiosas e suas convicções deveriam ficar abaixo de todos os decretos. Fez voto de silêncio com relação as suas convicções, precisava dançar conforme o mantra. Sua decisão deveria ser o fim que justifica os meios, e era aplaudido por seus admiradores por uma postura tão legal, a fim de satisfazer gregos troianos. Pseudo Daniel prostrou-se diante da estátua e adorou, era decreto, como bom cidadão exemplar deveria respeitar as leis do estado, o reino da Nova Nárnia é exemplo de democracia dicotômica, Pseudo Daniel tem que ser fiel as suas convicções e ser fiel as tendências globalistas do reino de Nova Nárnia. Pseudo Daniel tinha três amigos: Não-Faz-mal, Tanto-Faz e Assim-Tá-bom. Eles foram convocados a irem à Nova Terra Média para adorarem a estátua. Houve uma discussão entre os três, a quem eles deveriam obedecer? Afinal de contas partilhavam das mesmas convicções que Pseudo Daniel. Mas como ele já deu o exemplo de como se deve agir diante de um dualismo de poderes supremos, coxear em dois pensamentos e injetar na consciência um ânimo dobre é o caminho viável. Assim pseudo Daniel seguiu suas convicções a nível pessoal e traçou uma fronteira reducionista para impor os absolutos num cárcere privado da vida pessoal, fora desses extremidades, na verticalidade existencial, o mundo da Nova Nárnia deve ser pluralista, elástico e relativo, um mundo admirável de consumo régio onde o silêncio é operativo, não comprometer o todo por causa da parte, e pensar que durante a noite, a mão de um poeta  escrevia na parede de seu aposento: “os lugares mais tenebrosos do inferno estão reservados para aqueles que em tempos de crise moral, optam por permanecer em neutralidade”.

 

C. J. Jacinto

 

 

0 comentários:

Postar um comentário