Negação de si mesmo e o Caminho da cruz.


 



 

Jesus foi expressamente radical quando disse que quem quisesse seguir após ele deveria negar-se a si mesmo e tomar a cruz. Costumava dizer á minha congregação, que há algumas passagens difíceis nas Escrituras, uma delas está inserido no sermão do monte na oração do Pai nosso: “seja feita a tua vontade assim na terra como no céu” e a outra é a ordem de negar-se a si mesmo e tomar uma cruz. Ora a primeira parte que antecede o tomar a cruz, é negar-se a si mesmo, comunica um golpe ao nosso coração orgulhoso sedento por aplausos, fama popularidade e sucesso. Então ele nos golpeia ainda mais e indica que devemos em seguida tomar a cruz e então seguir após Ele. Nada pode ser tão cru no conceito e tão nu na expressão. É pois um convite a matar nossos desejos e instintos do velho homem. Toda estrutura dessa ordem é um golpe mortal a natureza pecadora inerente no homem adâmico. Negar-se a si mesmo? Ora essa isso é o que menos se ensina hoje em dia, é o que menos se pratica em nossa cristandade. Havia uma época em que muitos religiosos faziam voto de extrema pobreza e outros se enclausuravam para sempre dentro de monastério, muitos vezes o ego ia vivo para lá, pois é possível existir mais orgulho num pobre do que num rico. Podemos nos orgulhar da nossa humildade, nosso ego cheio de orgulho é tão astuto que costuma tecer para si mesmo uma sofisticada mascara de humildade para impressionar e tirar vantagens com o disfarce. O ego quer projeção, os judeus mais sofisticado, principalmente os fariseus gostavam de projeção social, amavam os primeiros lugares, usavam vestes longas para impressionar, até mesmo as ofertas de esmolas ou no templo era acompanhada de algum tipo de “barulho’ para impressionar os outros que assistiam ao espetáculo. Esse é a inclinação do ego, orgulhar-se para alimentar o coração depravado. Vejamos como a religião do orgulho projetava seus fantoches na sociedade, orgulho da tradição “Temos por pai Abraão” traduzido a expressão: “minha religião é mais antiga do que as novidades que tu ensinas ó cristo nazareno!” eram o que queriam dizer.

Negar-se a si mesmo é ser o ultimo para ser o primeiro, e ninguém realmente quer ficar atrás, na verdade hoje em dia, se atropelam uns aos outros, para ver quem ganha mais status e fama. Eu cansei de ver isso com meus próprios olhos, presenciei e testemunhei gente que sacrificou a verdade e a justiça, para não perder a notoriedade, vi pessoas agirem por ciúmes, pois quando alguém se projetava na sua vocação de pregador, alguém que não rinha essa vocação, ficava enciumada e não queria perder a projeção social dentro da assembléia de irmãos. Um homem santo e transformado pode ser evidente pela sua humildade em desejar que os outros sejam superiores a si mesmo, veja que Paulo na sua posição de principal escritor do Novo testamento, se considerava o principal dos pecadores e não o principal dos santos. Tudo o que existe de orgulho no coração humano, é remanescente da natureza satânica dentro dele, não importa o quão espiritual possa parecer, é um enganador, pois os maiores enganadores da religião conseguem esconder a própria corrupção espiritual por trás de uma falsa piedade.

Assim no negar-se a si mesmo é imperativo que nunca pode ser negligenciado quanto a questão dos frutos que evidenciam a verdadeira piedade, pois foi Cristo quem colocou a condição como um pré-requisito para viver um verdadeiro discipulado cristão. E então? Como você considera isso? Durante anos, a mensagem da igreja moderna tem sido egocêntrica, humanista e antropocêntrica. Durante anos fomos projetados a assistir palcos erguidos em templos e músicos exibindo estrelismo, pregadores e pastores sendo idolatrados, a dinâmica da estrutura eclesiástica moderna se encaixa perfeitamente nessa condição de servir como catapulta para projetar personagens para servirem de ídolos e promover o culto a personalidade, verdadeiras babilônias com seus deuses mortais sendo idolatrados por religiosos espiritualmente cegos. Mas Cristo não exige apenas o negar-se a si mesmo, há outra atitude, outra escolha, a saber: tomar a cruz. O lugar onde o ego morre de verdade é na cruz. Nenhum ego sente-se exaltado quando é elevado á cruz, a elevação da cruz é uma vergonha, uma exposição ao vitupério, rebaixa absolutamente o orgulho ao monturo, e é pelo caminho da cruz que encontramos o velho homem crucificado. Nada se fala hoje em dia sobre esse quesito fundamental, negar-se a si mesmo e carregar uma cruz. É necessário que o homem compreenda a obra consumada e perfeita de Cristo para seguir o passo da consumação da vida transformada pelo evangelho. Quase todos os cristãos que conheço gostam de disputar os primeiros lugares, exporem suas posições eclesiásticas ou intelectuais para fins egoístas. Desejam ser projeção, precisam da iluminação do palco religioso, por isso adotam posturas nada ortodoxas, nunca se sentem como João Batista que desejava diminuir-se para que Cristo se tornasse em evidencia.

A cruz acaba com o sentimento de grandeza, é uma atitude de vergonha e desprezo aos olhos do mundo. Lembre-se que a cristandade ama tudo isso que Cristo condena. O preço do discipulado tem um preço, Cristo dá um custo muito elevado. A peregrinação cristã tem uma só bagagem, uma cruz. O mundo materialista leva tudo até a morte e depois a alma padece na miséria eterna, o salvo carrega uma cruz e ganha às riquezas insondáveis de Cristo. Deixe que te humilhem, permita ser um nada pela causa de Cristo. Um dia o teatro da hipocrisia será desarmado, as mascaras não resistirão ao fogo da verdade, e então tudo será revelado segundo a justiça e a equidade do Senhor.

Aprendemos a lição preciosa, é necessário a morte do ego corrupto para que o coração contemple as glorias do evangelho. A visão do velho homem é profundamente humana, a do homem transformado pelo evangelho é essencialmente celestial. Então p processo é radical, desligar-se do sistema adâmico e mundano, só pela morte. Pela desobediência na queda Adão e Eva morreram para as coisas do Espirito, e os filhos de Adão precisam morrer para o mundo para viverem as coisas do céu.

Quero Uma Cruz

 

Senhor

Preciso de uma cruz

Para dar vida ao meu cristianismo

 

Não uma simples cruz

Ou pequena cruz

Feita para as conveniências

Do egoísmo

 

Eu preciso de uma cruz

Do tamanho certo, que seja

Eficaz

Para crucificar tudo o que em mim

Gera desobediência

 

Cansei do conforto da religião

Também da monotonia da superficialidade

E da esterilidade de uma

Espiritualidade sem vida

 

Quero Senhor uma cruz

Para me fazer cristão

Proficiente

Uma cruz que mesmo difícil de levar

Possa me conduzir com segurança

Para o caminho da Tua santa vontade

 

 

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Autor: Clavio J. Jacinto

 

 

 

 

 

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