É Cristo quem Protesta
No Novo Testamento
encontramos diversos momentos cruciais na vida de Cristo em que Ele ensina de
modo a protestar contra a sutileza da religião humanista e formalista dos
judeus da sua época. A passagem clássica sobre esse tema é Lucas 10:30 a 36, e
nela está a parábola do bom samaritano. O texto eloqüente do Senhor narra a história de um homem que descia de Jerusalém para Jericó e foi tomado de
assalto por ladrões que o deixaram semimorto a beira daquele caminho, Cristo
prossegue e revela que passaram um sacerdote e um levita, e vendo o homem aquele
estado de agonia, entre a vida e a morte, passaram de largo. Um samaritano
passou e ficou comovido e exerceu compaixão a favor daquele pobre homem ferido.
Cristo não poderia protestar contra o formalismo de forma mais obvia, a lógica da
narrativa é que a práxis dos judeus estavam erradas, não havia harmonia entre
o que professavam e o que faziam. Cada cristão deve aprender com a parábola,
pois devemos ter ações corretas em harmonia com os ensinos de Cristo e não em discordância
com eles. Responder a graça de Deus significa reconhecer que não somos
merecedores da compaixão divina, mesmo assim Ele é compassivo para conosco e
assim deve ser medido a nossa escala de valores. Não importa se os outros não merecem
nosso perdão, devemos perdoar! Mesmo que não mereçam a nossa ajuda, devemos
ajudar! Mesmo que não sejam dignas de nossa compaixão, devemos ainda
assim, ser compasivos. Não andar pela
luz da graça divina corresponde a transformar a graça de Deus em dissolução
(Judas 1:4). A religião morta e formalista do sacerdote e do levita produziu
uma insensibilidade de tal modo que olharam com indiferença perante aquela cena
que exigia muita compaixão por parte dos que passassem por aquele caminho.
Agora veja que ambos negavam a Deus por causa de tal atitude fria e
indiferente, Paulo fala acerca daqueles que afirmam conhecer a Deus mas negam
com a suas obras (Tito 1:16) jamais devemos negar a justiça dos justos (Isaias
5:23) devemos guardar as Palavras (Os ensinos) de Cristo (João 14:24) e do modo
como Deus usou de grande graça e misericórdia para conosco assim devemos
proceder com respeito ao nosso semelhante, para não transformar a graça de Deus
em dissolução na nossa vida (Judas 1:4). Cristo protesta na parábola contra o
formalismo frio, a agenda do sacerdote e do levita estava em dia, mas estavam
fora da vontade de Deus, eram frios como a sepultura da hipocrisia. Os afetos
eram pela preservação da própria vida, o instinto do homem natural predominava
naquela circunstância, pois temeram parar e ajudar, pois isso colocaria em
ridos a vida deles, então passaram de largo e fugiram da responsabilidade de
ajudar quem precisava de ajuda, naquele momento tão dramático, onde aquele
homem jazia na dor, esperando que um coração compassivo pudesse vir em socorro.
A religião fria, institucional e formalista daquela época, representada na narrativa pelo sacerdote e pelo levita é um
protesto contra a indiferença contra uma alma que carece de ajuda. A história da igreja cristã narra que durante um surto de peste nos primeiros séculos da
era cristã, enquanto os pagãos jogavam seus parentes para morrerem, os cristãos
primitivos ajudavam seus entes queridos e acolhiam até mesmo os pagãos e se responsabilizavam
pelos cuidados ainda que sofressem o risco de serem contaminados. Isso é o amor
de Cristo na prática do verdadeiro cristianismo, uma fé viva e verdadeira que é
movida pelo coração cheio do Espírito santo e por isso mesmo era cheio de
compaixão e amor ao próximo. Não há espaço para o egoísmo num coração que
deseja amar e servir a Cristo, tão somente Seus ensinos e Sua vontade devem ocupar todo o coração que deseja amar a Deus de todo o coração alma e pensamento.
Cristo protesta contra os falsos cristãos, que vivem uma vista egocêntrica ao
invés de Cristocêntrica, estão preocupados apenas com os interesses pessoais e não
querem se comprometer com as normas e princípios do Evangelho, tais não se
interessam pela vontade de Deus, mas apenas em satisfazer seus corações egoístas.
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?” (Lucas
6:46).
Clavio J. Jacinto
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