Profundidade


 


 

C. J. Jacinto

 

 

 Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha.  (Lucas 6:47,48)

 

Nas palavras do Senhor temos uma chamada, um desafio, para os tempos modernos é um grande desafio sair da superficialidade para a profundidade, e Cristo compara o cristão prudente que ouve a Palavra de Deus como alguém que cava fundo para encontrar a Rocha. O que aprendemos com isso?  Há no texto do sermão da montanha uma riqueza de significados que podemos explorar aqui, para encontrarmos a essência da declaração de Cristo quanto ao texto de Lucas 6:47 e 48.

Primeiro: Jesus está ensinando que há dois grupos distintos de discípulos, superficiais que ouvem e não praticam, esses são comparados como alguém que edifica sobre a areia, são cristãos  rasos e  superficiais, podem ter todos os aparatos cerimoniais e emocionais de uma religião que parece ser espiritualmente profunda, mas são rasos na palavra, observe a pregação moderna, ela é rasa, superficial quando buscamos verificar o conteúdo, vimos pouco das Escrituras, quanto mais raso for um pregador mias falara dele mesmo, dissolverá algumas partes das Escrituras, com filosofias, opiniões, experiências e tudo mais a fim de apresentar uma boa mensagem, mas qualquer cristão profundo nas Escrituras percebe o quanto pode ser um sermão, quando comparado com as Escrituras. Então temos o outro tipo de cristão, que não ficou a superfície rasa da areia, mas cavou, encontrou a rocha, firmou os fundamentos lá.

Como há diferença entre os dois, o que tem profundidade, alcançou níveis mais íntimos, o labor possibilitou tocar na rocha e beber dos mananciais das insondáveis riquezas de Cristo. Há um zelo no leitor em conhecer mais e mais das Escrituras e uma disposição em obedecê-la? Quem constrói o fundamento da sua esperança sobre a areia e não cava para tocar a rocha, na verdade sofre do mesmo pecado daqueles que rejeitaram a pedra angular. Os que não possuem um fundamento sobre a profundidade da Rocha que é Cristo estão fadados a ruína.

Cavar é observar, entender e agir de acordo com os ensinos de Cristo, o fundamento espiritual do verdadeiro cristão é a Rocha que é Cristo, sobre esta pedra está edificada a igreja, areias são minúsculos fragmentos de pedra, mas a Rocha é a sustentação eterna dos salvos.

Segundo: estar firmado no lugar mais profundo, na rocha, possibilita segurança, é o lugar intimo, da comunhão com o Senhor, é o lugar da oração, um lugar seguro, onde o cristão encontra firmeza, não será movido por circunstancias, a rocha que é Cristo sustenta, mesmo em meio as mais devastadoras tribulações e aflições, li há repouso e segurança. Ao contrario do que está firmado na superfície e é superficial, está nas mesmas condições das portas do inferno, não resistem aos ataques e caem. Mas os que estão ligados na videira verdadeira, esses estão firmes, os que estão alicerçados na rocha, estão firmes, as tempestades e os ataques não podem derrubar, Cristo sustenta com poder, a intimidade com a rocha é a garantia de segurança eterna.

Terceiro: A natureza da profundidade significa vida de oração, vigilância, sobriedade, estudo das escrituras, exercícios espirituais, tudo é profundo no cristão que cava diariamente, não há abstrações e subjetividades em quem tem profundidade, mas tudo é objetivo, concreto, os absolutos estão ali, todas as verdades bíblicas que repousam sobre a rocha são inabaláveis no coração de quem está sob Cristo.

Não há ilusões na vida cristã autentica, os que cavam fundo conhecem o poder da palavra, sabem que ela é viva e eficaz (Hebreus 4:12) os que são superficiais ficam sobre a areia das vãs filosofias (Colossenses 2:8) mas sobre a rocha está a realidade, quem toca em Cristo e repousa a alma sobre Ele experimenta coisas reais e verdadeiras. Os que ouvem e não praticam, descuidados e imprudentes, que não desejam coisas profundas, não possuem nada além da superfície, esses nunca conseguem tocar os tesouros que ficam escondidos nas profundezas da boa terra, eles preferem a erva que se seca, as flores que murcham, mas nunca há uma disposição em encontrar perolas, ouro espiritual e os mais nobres diamantes e pedras preciosas. As coisas divinas possuem um valor inestimável e nunca podem ser encontrados na superfície do mundo, mas na profundidade da obra consumada e perfeita que Jesus realizou na cruz do Calvário.

 

O labor da vida espiritual e a possibilidade do desfrute das riquezas espirituais alcançam quem gasta tempo no lugar secreto, no estudo diligente das Escrituras, na leitura de livros de homens piedosos, a freqüência apaixonada as reuniões, a  prática constante de consagração e vida devota, uma vida de piedade contínua, separados do mundo, cumes de montes e profundidade da terra são lugares de poucos, a maioria fica no vale da decisão na superfície, lá na areia onde repousam os ossos secos da visão de Ezequiel 37. O homem prudente do ensino de Cristo, cavou profundo, foi mergulhando no intimo da realidade que é Cristo, desceu os degraus do quebrantamento, da humilhação, prostrou-se e mergulhou no labor, centímetro após centímetro, cavou fundo e tocou a rocha e ali colocou o fundamento de sua esperança. Tem o amado irmão essa experiência de profundidade?

 

 

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