POR C. D. COLE
“Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito,” Romanos 8:1.
O tema do oitavo capítulo de Romanos é a segurança eterna do crente em Cristo. Ele começa com “nenhuma condenação” e termina com “nenhuma separação”. Não há condenação em Cristo nem separação de Cristo; portanto, o crente é salvo e seguro para todo o sempre.
Esta é uma sentença muito especial. Não há condenação em Cristo! O crente deve gritá-la em sua alma cada vez que a ler. Existe um quadro, em algum lugar, chamado “Esperando o Veredicto”. É a cena de um julgamento. Cada rosto no quadro se aguarda o veredicto. Há medo beirando à angústia no rosto do prisioneiro, de pé no banco dos réus. Há uma ansiedade e suspense horríveis por parte da esposa e amigos a seu redor. É um quadro triste. Mas, como
Spurgeon sugere, deveria ser pintado outro quadro intitulado “O Veredicto Favorável Recebido”. O prisioneiro é absolvido! A sala do julgamento se enche de alegria! Há apertos de mão e abraços! O acusado é agora um homem justificado - recebe parabéns de todos os lados. De prisioneiro ele sai para desfrutar a liberdade, pois não há condenação. Seria um quadro muito alegre.
É uma afirmação corajosa: “Não há condenação”. Não há hesitação, nem subterfúgios, nem “espero” nesta sentença. Paulo fala com certeza matemática. Ele emprega cálculo frio. “Não é loucura de fanatismo, mas a dedução inquestionável de um argumento justo: se Jesus foi condenado em meu lugar, não pode haver condenação para mim”. (C. H. Spurgeon). Se Jesus recebeu o castigo por meus pecados em Seu próprio corpo, então é certo que não terei que recebê-lo outra vez no meu.
É uma declaração ampla. “Não há condenação. Nenhuma condenação para qualquer pecado já cometido; nenhuma condenação para qualquer pecado que ainda cometerei; nenhuma condenação em tempo nenhum, nem lugar; nenhuma condenação para pecado de qualquer cor, tamanho ou idade. Um pouco mais adiante, no mesmo capítulo, Paulo rejubila e exclama: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”. Romanos 8:33-34. A medida que a mente do Apóstolo alegra-se no Evangelho de como: “Que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”, 1 Coríntios 15:3-4, ele faz céus e terra e inferno ecoarem este desafio destemido: “Quem os condenará”? Onde não há condenação não pode haver punição justa.
Temos no texto e contexto coisas benditas e gloriosas. Vamos meditar nelas para a glória de Deus e nosso próprio proveito.
1. A CONDIÇÃO FELIZ DO CRENTE - “NÃO HÁ CONDENAÇÃO”.
Condenação é uma coisa triste. Ela nos faz lembrar de uma sala de julgamento onde se relatam acusações e se faz a defesa. Há uma força mais adiante. Foi eregida para um homem condenado. Vêem o homem sendo levado, quase carregado até a plataforma? Ele fica sobre um pequeno alçapão. O ministro ora; o carrasco aperta o nó do laço ao redor do pescoço e ajeita o capuz preto; o delegado solta o alçapão; o coitado cai pela porta aberta, pendurado pelo pescoço e morre em poucos minutos. Porque se fez coisa tão horrível? O homem foi condenado pela lei humana. Estava pagando a pena pelo seu crime.
Em alguns lugares os prisioneiros são obrigados a fazer trabalhos forçados. Eles não falam com ninguém, por causa da vergonha que sentem. São homens marcados. Não recebem salário nenhum. Trabalham sob a mira de um revólver e são vigiados como bichos de presa. Porque são tratados tão cruelmente? Foram condenados pela lei humana e agora servem a sentença pelo crime cometido.
Mais adiante, uma cadeia. Uma cela pequena, não convidativa. Nenhum móvel, a não ser uma cadeira de aparência estranha. Um homem é conduzido até lá pelos guardas e colocado na cadeira. Ele é amarrado a ela por fortes correias. O topo da cabeça foi raspado e um prato de aço é fixado lá. Um homem acende um interruptor e o fogo corre por cada canto de sua carne que estremece. O que está acontecendo? Por que tal castigo? Ele foi condenado pela lei humana e está pagando por seu crime. Estas ilustrações mostram a condenação e castigo para crimes contra a sociedade. Há muitas leis que apoiam cidadãos que nunca foram condenados nem punidos pela sociedade. Mas há uma autoridade divina contra cada homem que pecou. Em relação ao pecado, Tiago diz: “Há só um legislador e um juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” Tiago 4:12. Deus é o Juiz Supremo de toda a terra. A justiça dEle é terrível contra Seus inimigos. Nuvens e obscuridade estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do seu trono. Adiante dele vai um fogo que abrasa os seus inimigos em redor.” Salmo 97:2-3. Os que são condenados por Ele aguardam um castigo muito pior que trabalhos forçados, ou sofrimento físico através do enforcamento ou cadeira elétrica. A menos que sejam salvos do pecado, a porção que os espera é o tormento eterno no lago do fogo.
Nosso texto nos mostra como escapar da condenação divina. Ele nos fala de um plano de salvação - o modo de ter a condenação cancelada - e como receber um veredicto favorável. Ele anuncia uma condição feliz diante de Deus, o Supremo Juiz.
1. Esta é uma condição presente. “Portanto agora nenhuma condenação há”. O crente não tem que esperar até morrer para escapar da condenação. No momento em que crê, ele passa da morte (condenação) para a vida eterna (justificação). “Portanto agora nenhuma condenação há”. Já
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houve condenação - mas não agora. Antes eram malditos pela lei e arruinados pela queda de Adão, mas não agora. O veredicto de culpado já soou antes em seus ouvidos, mas essa sentença tão dura foí superada pela notícia gloriosa de que “Não há condenação”.
2. Esta é uma condição eterna. Nenhuma acusação que leve à condenação jamais será feita. Os dons e chamado de Deus são sem arrependimento, isto é, sem nenhuma mudança ou revogação de Sua parte. (Romanos 11:29). Nosso Senhor disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida”. João 5:24. É muito claro, não acha? Paulo diz que o justificado será glorificado, sim, e no propósito de Deus, já o está. Romanos 8:30. Todos quantos foram libertos da pena do pecado ficarão livres da própria presença do pecado. Cada traço do pecado será apagado para sempre; santidade e glória serão a eterna herança dos santos.
2. A POSIÇÃO ABENÇOADA DO CRENTE - ”EM CRISTO JESUS”.
É a posição do crente em Cristo e não seu caráter ou conduta que o torna salvo. Não há justificação diante de Deus através da conduta humana, a Biblia diz; “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”. Romanos 3:20. “Em Cristo Jesus” é a única posição segura.
Estar em Cristo significa estar firme nEle diante de Deus. É ter “Sua” perfeição de Mediador como nossa possessão diante da lei de Deus. Ele fez Jesus Cristo nossa “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. 1 Coríntios 1:30. Não pode haver condenação para quem possui a justiça de Cristo. Condenar o crente em Cristo seria o mesmo que condenar Cristo. Mas como uma pessoa recebe esta posição?
1. O crente está em Cristo oficial e eternamente pela eleição do Pai. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo: como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irreprensíveis diante dele em amor”. Efésios 1:3-4. Isto diz respeito à escolha e propósito secreto de Deus, e ninguém sabe nada a respeito, até ser eficazmente chamado à fé. Atos 13:48 diz: “E os gentios ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna”. Todos os crentes eram santos eleitos, ovelhas eleitas desde a fundação do mundo. “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que foi nos dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”. 2 Timóteo 1:9.
2. O crente está em Cristo eftcaz, real e vitalmente através da obra do Espírito Santo. “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. Romanos 8:2. Este versículo nos diz como vem o livramento da condenação. O agente da liberdade é o Espírito Santo. A base da liberdade é a obra que Cristo fez na cruz para nos salvar ou que é “vida em Cristo”. A lei do pecado e da morte é a lei moral de Deus, a qual requer justiça perfeita. Não temos esta justiça em nós mesmos, portanto a lei nos condena à morte. O Espírito Santo nos livra dessa lei colocando-nos em Cristo. A mente espiritual nos faz esperar em Crsito. A mente carnal nos faz esperar em nós mesmos.
3. O crente está em Cristo por experiência e legalmente pela fé. De nossa parte ficamos em Cristo pela fé. Estar em Cristo, pela fé, significa que renunciamos a toda a fé e esperança em nossa própria justiça e confiamos na justiça de Cristo. Temos que nos livrar do “eu”, antes que possamos ficar em Cristo!
O fariseu no templo não estava em Cristo, mas em si mesmo ao se gabar do caráter moral e boas obras que tinha. Saulo de Tarso não estava em Cristo, mas em si mesmo, quando como um fariseu cheio de justiça própria, dirigiu-se a Damasco para perseguir os crentes em Cristo. O pobre publicano esvaziara-se de si mesmo e estava em Cristo ao descer para sua casa justificado. Ele condenou seu próprio “eu” e olhou para o sangue do Calvário.
Um homem e sua esposa visitavam uma Casa da Moeda, onde o dinheiro é fabricado. Um operário afirmou que se ele molhasse a mão na água, poderia derramar ouro quente na palma, sem que se machucasse. Ele perguntou ao homem se gostaria de experimentar. “Não; acredito em sua palavra”, rapidamente o homem respondeu. A esposa falou: “Quero experimentar”. Enfiando a mão na água, estendeu-a depois para que o ouro aquecido fosse derramado nela. Virando-se para o homem, o operário declarou: “O senhor creu; sua esposa confiou”.
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