Cristianismo de Sentimentos?
Jonathan Edwards em “A Genuina Experiencia Espiritual” afirma: “Existem dois tipos de cristãos falsos. Há aqueles que se julgam ser cristãos meramente por sua pratica exterior de moralidade e religião. Essas pessoas muitas vezes não compreendem a doutrina da justificação somente pela fé. Existem também aqueles cuja segurança procede de experiências religiosas falsas.”
A palavra “Sentimento” é um substantivo masculino, é definido como “estado ou condição psicológica, e suas manifestações”. A bíblia não tem muito a dizer sobre o sentimentalismo religioso, embora virtudes como compaixão e felicidade sejam princípios sentimentais, a religião cristã autentica não está fundamentada sobre sentimentos. Embora eles sejam importantes, não são servem para fundamentar a fé ou a verdade, Cristo às vezes ensinou o oposto; “negue-se a si mesmo” (Marcos 8:34 e Lucas 9:23) Paulo ensina a nos gloriarmos na cruz de Cristo (Gálatas 6:14) é ele mesmo quem diz: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados, perplexos, mas não desanimados” (II Coríntios 4:8) Não são os sentimentos que definem a verdadeira espiritualidade, Pelo contrario, é a fé que define o caráter da verdadeira espiritualidade. Confiar em Deus independente dos nossos sentimentos, pois às vezes todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, nós podemos ter aflições constantes “No mundo tereis aflições” disse Jesus, e Ele nos admoesta a termos bom animo, pois Ele venceu o mundo (João 16:33) Atualmente os sentimentos emocionais estão muito focados e com freqüência associados como experiência de vida cristã autêntica. Esse na verdade é um caminho pautado pelo pragmatismo Isso não é novo, pois a base com que as religiões pagãs na época de Paulo focavam eram as experiências de êxtases, visões e coisas sentimentais, os mistérios de Eleusis e o neoplatonismo, os bacantes da tradição dionisíaca ou a experiência do sagrado promovido pelas religiões orientais como “sahajyia” são exemplos desse legado de sentimentos. (promovidos por espiritualistas e místicos ocidentais como a união mística e a hierogamia) O resultado dos bons sentimentos devem ser a sã doutrina (Provérbios 14:30) os sentidos do homem espiritual estão exercitados para discernir a verdade, não para colocá-las em segundo plano (Hebreus 5:14). A religião que está fundamentada em sentimentos, via de regra segue o caminho cartesiano “Cogito, ergo sum” que significa “penso, logo existo” a versão da religião sentimentalista é “Sinto, logo creio”. Geralmente é um sistema que funciona com musica que provoca êxtase, caracterizadas por letras teologicamente ruins e antropocêntricas, dando ênfase ao triunfalismo pessoal. A igreja moderna é caracterizada por critérios ruins para concluir se algo é ou não verdadeiro: os sentimentos e as emoções , o motivo pelo qual a igreja atual deixou de ser um exercito num confronto marcado por uma intensa guerra espiritual é que influenciados pela pós-modernidade, as igrejas da cristandade tornaram-se num sistema religioso de entretenimento. Como em seitas e grupos da Nova Era, o foco é alcançar estados alterados de consciência. Encontramos o sentimentalismo como o alvo na filosofia grega, Aristóteles em “Etica a Nicomaco” explica que o fim ultimo do homem é alcançar a felicidade. Isso é errado, a felicidade é a conseqüência da coisa certa: a salvação, porquanto estamos salvos em um mundo cheio de tribulações e problemas, e precisamos da fé como alicerce para a firmeza no evangelho, não nos sentimentos. Buscar a Deus e fazer a Sua vontade, a busca do Reino de Deus em primeiro lugar juntamente com a sua justiça devem ser nossa prioridade, devemos alicerçar nossas crenças em Cristo e no que Ele fez por nós, nas Santas Escrituras e nas promessas do Evangelho e não em emoções e experiências místicas. Sentimentos são voláteis e mutáveis mas a fé em Cristo torna o Cristão firme e inabalável (Mateus 7:27) sentir algo não é o mesmo que ter fé em Deus. Nós não somos guiados por sentimentos, mas pela Palavra de Deus, nossos sentimentos partem do nosso coração que é enganoso, por esse motivo estão absolutamente debaixo de um critério de autoridade maior: as Escrituras. Com Cristo, podemos estar abatidos mas não destruídos (II Corintios 4:9) E a admoestação bíblica nos conduz a fé e a confiança na soberania e providencia de Deus não aos sentimentos. Outro fato importante, é que a doutrina da justificação pela fé somente nunca pode ser provada pelos nossos sentimentos, mas na Obra que Cristo fez por nós na cruz. A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus e não por uma busca por sentimentos agradáveis (Romanos 10:17) Há um só propósito na vida espiritual, e não é a busca de êxtase místico, mas de levar cativo todo o entendimento a obediência de Cristo (II Corintios 10:5) Se você ergue a sua crença encima dos sentimentos e opiniões, você está erguendo um altar falso para fundamentar a sua religião, você está confiando em seus próprios sentimentos, e isso é um egoísmo fantasiado, é antropocentrismo. Os sentimentos não são errados se estiverem debaixo dos princípios divinos, e completamente perigosos se eles se tornarem como padrões que definem a nossa religião. Sentimentos podem ser insuficientes para se alcançar a verdade (Veja Hebreus 12:17) Certa vez um ministro do Evangelho disse: “Porque temos a certeza da salvação?” boa pergunta, e seguiu de uma péssima resposta “Sentimos a salvação!”. Ora não somos salvos porque sentimos, somos salvos por que Cristo morreu na cruz por nós e cremos nisso, com ou sem sentimentos bons. A obra consumada e perfeita de Cristo na cruz está fora da cogitação de nossos sentimentos e continua inabalável como um fato consumado quando estamos desanimados e tristes ou não sentimos nada. Somos chamados á crermos em Cristo, a confiar nEle, a fé é uma confiança, uma entrega absoluta do nosso coração na providencia redentora do Senhor e não nos nossos sentimentos. Veja bem nós não podemos seguir nossos sentimentos, nossas emoções podem nos enganar, mas a mensagem da cruz não nos engana nunca! A vida de Sansão tem um sinal de grande declínio quando ele busca satisfação no nível das coisas mortas, buscar mel em carcaça de leão, é a experiência da satisfação e da doçura na esfera das coisas não autorizadas por Deus, Cristo nos prometeu vida em abundancia, mas o mundo em contrapartida nos oferece prazeres sensoriais em abundancia.
Há uma linha que divide a religião cristã verdadeira da falsa, pois a verdadeira está pautada numa fé incondicional nas promessas das Escrituras e num compromisso sério em obedecer a seus preceitos, um exemplo claro é Abraão, o pai da nossa fé, quando o Senhor convocou Abraão para sacrificar Isaque em um dos montes de Moriah, ele não seguiu seus sentimentos, mas sua fé, e seguiu contra seus sentimentos, mas firmou-se na confiança em Deus. “Abraão, o qual é pai de todos nós, o qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
(Leia Romanos 4:16-18) A religião
cristã falsa se fundamenta em sentimentos e experiências., infelizmente essas
coisas acabam tendo mais autoridade do que as Escrituras. Há uma máxima que diz
que “contra fatos não há argumentos” mas na vida cristã autentica, a aplicação
correta é”Contra fatos bíblicos não há argumentos.” Sejamos sóbrios quanto a isso, sentimentos e experiências
espirituais são bons quando nos levam para mais perto de Cristo e nos tornam
mais bíblicos, a sujeição a autoridade das Escrituras e ao Senhorio de Cristo é
um movimento espiritual verdadeiro (Efésios 1:10) mas hoje em dia temos musicas que alteram
nossas emoções, elas são feitas para reavivar as emoções, e quanto mais o nosso
ego corrompido recebe massagem com palavras suaves, mais ele produz sentimentos
bons. Hoje temos palestras motivacionais que enaltecem o homem, quando você passa
a ser o centro e não Cristo, e o uso das técnicas de manobras psicológicas promovem
os sentimentos, e os sentimentos viciam. Veja que na psicologia de um drogado,
o vicio tem o objetivo de conduzir ao prazer e as experiências sensoriais
profundas. Mas nem sempre a vida cristã nos conduz para as experiências
emocionais positivas “Bem aventurado os que choram, porque serão consolados”(Mateus
5:4) Hoje parte das pregações modernas consiste na retórica humanista, um gênero
que promove experiências subjetivas de sentimentalismo e otimismo pessoal, mas
retira da abordagem, a santificação, a mortificação do velho homem e a mensagem
da cruz que sempre vai revelar a profundidade da nossa natureza pecaminosa e da
devastação que o nosso pecado produz na vida. Nem tudo o que promove bons
sentimentos é inofensivo, pelo contrario, pode ser muito perigoso. Não sou
contra bons sentimentos, mas eles são diabólicos quando aparentemente podem ser
agradáveis mas ao mesmo tempo tornam-se o padrão para se determinar se uma
doutrina ou uma religião é verdadeira ou não. É a bíblia quem determina isso! A
verdade já está determinada pela Palavra de Deus (João 17:17) Você não pode
determinar se um pregador é verdadeiro se ele te emociona e te faz sentir-se
bem com isso, ou se ele possui uma carga emotiva muito forte e tenta
impressionar com visões e experiências de êxtases e novas revelações, você determina se um pregador é verdadeiro
quando ele está pregando com fidelidade as Escrituras e isso não Depende se você
gosta ou não. Aliás, conheço muita gente que ama sentir-se bem com uma palestra
motivacional, mas odeia quando a pregação das Escrituras é doutrinaria, temática
ou expositiva, principalmente abordando temas que podem lhe trazer sentimento
de tristeza e uma chamada a confissão de pecados, pois nosso velho homem
viciado em sentimentos odeia esse tipo de mensagem, a mensagem do confronto e
da humilhação.
Digo mais ainda, a motivação de um cristão deve ser a obediência e não experiência mística. Ter um encontro com um “anjo de luz” ou ouvir o céu se abrir e alguém ordenar algo se identificando como um “ser celestial” levou muita gente para o erro (O mormonismo e o unicismo são exemplos)
O que torna legitima a nossa vida cristã é crer em Deus, a nossa motivação é a obediência e o descanso na obra perfeita que Cristo efetuou na cruz. Essas verdades estão acima do sentimentalismo, não estão firmadas no que nosso coração pode sentir, mas no que Deus pode fazer e fez por nós. A cruz não representa uma experiência agradável, embora a redenção nos ofereça uma verdadeira esperança, essa esperança vive por meio da fé mesmo diante dos problemas mais radicais da vida que nos levam para momentos de desespero, veja que o cristianismo de Paulo não dependia de bons sentimentos, mas de uma fé inabalável diante dos mais severos momentos circunstanciais: “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. (2 Coríntios 1:8) Paulo estava firmado sobre a Rocha e não sobre seus próprios sentimentos, não estava descansando o coração sobre o pó das emoções mas sobre a Rocha dos séculos. Para ele viver era Cristo e morrer era ganho, o assunto da morte é muito evitado nos círculos religiosos sentimentalistas, evita-se todos os assuntos que desmancham o mundo fantasioso produzido pelo egocentrismo.
Conclusão: emoções e sentimentos sadios não são ruins, (Veja Salmo 122:1) creio na alegria de servir a Cristo, creio que meditar na Palavra de Deus e contemplar as maravilhas do Senhor nos leva para momentos de alegria e êxtase, eu mesmo gosto de ter momentos solitários, uma passeio pela floresta, contemplar uma noite estrelada, ler um livro de biologia ou astronomia sempre me remete para uma adoração ao Deus Criador, Amo ouvir um bom sermão expositivo, é bom ouvir um pregador cheio do Espírito Santo, mas também creio que um homem santo se sente profundamente entristecido por viver em uma sociedade que promove a devassidão. Além disso, alguns santos do passado como Noemi, voltaram de uma decepção em amargura profunda, ao ponto de pedir aos seus irmãos na fé de a chamarem de Mara (amargura) não há sentimentos aqui a não ser tristeza e decepção, mas Noemi está confiando e amando ao Senhor (Rute 1:19 a 22) Veja que meu intento é ensinar que os sentimentos devem estar submissos aos princípios escrituristicos, sentimentos e experiências espirituais nunca devem nortear a nossa fé, sem antes passar pelo escrutínio das Escrituras, a Bíblia é o teste final e autoridade absoluta quanto a isso, os sentimentos não funcionam como uma bussola espiritual, a função das emoções e dos sentimentos não é guiar o cristão, a Palavra de Deus é nosso guia, e portanto são as Escrituras que devem guiar nossas experiências e sentimentos (Salmos 119:105) a fé é a condição fundamental exigida por Deus, sem fé é impossível agradar a Ele, isso nos leva ao oposto, pois os sentimentos tendem sempre a agradar a nós mesmos, e por isso o diabo investe tanto nos sentimentos.
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A Genuína Experiência Espiritual – Jonathan Edwards – PES
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Verdadeira Espiritualidade – Francis Schaeffer – Editora Cultura Cristã
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Pr C. J. Jacinto
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