Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um polemico filosofo
moderno, pai do niilismo e profeta da tragédia,
ficou famoso pela declaração “Deus está morto”, o filósofo seguiu idéias muito
parecidas com as do grego Pirro de Élis, mas teve uma infância influencia pelo
cristianismo evangélico, mais tarde se decepciona com a religião e
posteriormente com a vida, se é que podemos entender isso pela carga de
negativos que Nietzsche impor sobre suas próprias idéias filosóficas e a visão
da existência.
O escritor e pesquisador Francisco Fialho assim expressa a
visão religiosa do Nietzsche: “O apóstolo Paulo, diz o filosofo, tinha medo da
vida e de si mesmo, deturpando o cristianismo nascente com a idéia da maldição
natural do homem, a concepção absurda da redenção pelo sangue, resquício do bode
expiatório sacrificado ao velho Jeová e o horror ao sexo” e então prossegue: “Jesus era forte, Paulo era
fraco, Jesus é o símbolo do Super-homem, como se vê o super-homem de Nietzsche,
quando bem interpretado, tem as feições de Cristo, Senhor de todas as forças da
natureza e do seu próprio corpo, poderosos sem evidencia, benévolo sem
fraqueza, servidor de todos sem servilismo”(1)
Ora, o filósofo tinha mágoas de Paulo, via divergências entre
Cristo e o apóstolo, e deveras teria que ter, pois a mente natural não pode
entender de assuntos espirituais. Paulo é o escritor do Novo Testamento que
eleva a pessoa de Cristo a excelência, não menos que Isso, era um cristão absolutamente
cristocêntrico, ao ponto de afirmar que ele mesmo estava morto e que era Cristo
quem vivia nele (Gálatas 2:20) Mas qual motivo desse ódio por Paulo? A resposta
está na doutrina dele, pois declara a falência humana, o livro de Romanos é um
afronta ao homem que confia em seus próprios méritos e idolatra a própria razão
como meio de alcançar a iluminação intelectual suprema. A teologia paulina
incomoda qualquer coração natural, é um insulto a mente carnal. O filósofo
niilista rejeita a idéia da redenção pelo sangue, o super-homem seria uma
conquista idealizada pelo esforço humano, a meritocracia filosófica que se
reflete muito bem no transhumanismo é uma conseqüência clara da visão antropocêntrica
do humanismo. De certa forma, parece que
Nietzsche flertava em Cristo como um modelo de homem perfeito, mas abominava
Paulo por motivos teológicos, nos pormenores, não gostava da teologia da cruz
nem da idéia de Cristo ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo embora
essa teologia não seja paulina e sim bíblica! A fé cristã está fundamentada na
doutrina da expiação, Cristo morre pelos pecadores, o Novo Testamento e não
somente Paulo ensina isso (I Pedro 2:24 João 3:16) Assim, Nietzsche pode ser
declarado como um pelagiano, o que na verdade o pós-humanismo também é, todo o
esforço humano em busca da plenitude numa conquista de imortalidade áurea, pelos
esforços intelectuais é um caminho pelagiano.
Nem mesmo Jean Paul Sartre consegue manter esse pessimismo monumental da
filosofia niilista no sepulcro do ceticismo, a idéia transcende, e sai da frieza
para a esperança do esforço humano, a conquista do “Homo Sapiens” o homem que
sabe, é um “pleroma prático” o homem desamparado conquista seu espaço no
universo, transcende a todas as desgraças e ergue um trono para si mesmo nos
monumentos universais da existência. Eis o que pode se dizer a respeito das
novas filosofias humanistas.
E quanto a Paulo e Cristo? Acaso a sublimidade da cristologia
do Novo Testamento não foi da responsabilidade do homem de Tarso? Paulo fortalece
a pessoa de Jesus Cristo, e apresenta de forma afirmativa a Sua Soberania,
Supremacia, Senhorio e Divindade. As doutrinas de Paulo são ecos lúcidos dos
ensinamentos de Cristo, as supostas divergências são existem para quem estuda o
progresso da revelação no Novo Testamento. Nunca encontrei dificuldades em
fazer paralelos entre os ensinos do Senhor e os ensinos de Paulo, e sei que as
declarações seguem na mesma direção, em convergência e não divergência. Vejamos
alguns exemplos, Cristo ensinou claramente a doutrina do inferno como punição
eterna (Mateus 23:33) e Paulo também (I Corintios 15:55) A encarnação do Verbo
é fortalecida pelo apóstolo (I Timóteo 3:16) Os dois falam sobre problemas
enraizados no coração humano como a avareza (Mateus 6:24 com Colossenses 3:5)
ambos crêem no mundo espiritual caído (Lucas 8:28 a 35 com Efésios 6:10 a 18)
ambos pregam sobre a regeneração (Mateus 19:28 com Tito 3:5) a existência do Paraíso
(Lucas 23:43 com II Coríntios 12;4) abordam a necessidade do arrependimento
(Lucas 5:32 com II Coríntios 7:9) abordam a verdade da ressurreição (Mateus
12:40, 17:23 com I Coríntios 15:13) e é um fato, o testemunho de Paulo que sua
doutrina veio por revelação do próprio Cristo (Gálatas 1:12).
Conclusão: Paulo segue os passos de Cristo, é o principal responsável
pela cristologia do Novo Testamento, é absolutamente ortodoxo e promotor da
mais elevada sã doutrina. A idéia central de Nietzsche sobre Cristo e Paulo é
completamente errônea, é uma falsa visão de uma idéia cristocêntrica, Nietzsche
é herético.
Clavio J. Jacinto
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