A Indústria da
Religião: Quando a Fé se Torna Mercadoria
Introdução:
A Mercantilização do Sagrado
Desde os primórdios
da humanidade, o homem não apenas busca Deus, mas também fabrica religiões.
Seja na forma de ídolos esculpidos, rituais controladores ou impérios
teológicos construídos sobre promessas de prosperidade, a Indústria da
Religião transformou o sagrado em um negócio lucrativo. O afastamento da ortodoxia cristã tem como
aspecto principal este desvio, o que deve ser considerado como prostituição
espiritual.
Paulo já alertava
sobre os que pregavam Cristo "por inveja e rivalidade" (Filipenses
1:15), e Jesus expulsou os vendilhões do templo, denunciando a transformação da
casa de oração em "covil de ladrões" (Mateus 21:13).
Hoje, a indústria da religião continua operando sob máscaras piedosas, mas seu
coração muitas vezes bate no ritmo de Mamom (Mateus 6:24). A
plataforma da indústria da religião consiste em erguer ídolos, mercadorias,
literatura, palestras, profissionalização de cargos eclesiásticos, tudo para
explorar a fé. Uma das táticas mais promissoras é explorar a paranormalidade e
o sobrenatural para atrair multidões que procuram novidades, coisas
fantásticas, milagres que são engodados e submetidos a compras de material
produzido para esse fim, objetos ungidos, lembrancinhas, talismãs, camisetas,
etc.
Vamos analisar suas
características, contrastando-as com o verdadeiro evangelho, exemplificado
na Epístola aos Filipenses, onde Paulo exalta Cristo como o único
tesouro (Filipenses 3:7-8).
O Evangelho de
Cristo de acordo com o Novo Testamento é o oposto dessa tendência maligna
1. A
Distorção da Grande Comissão
A indústria da
religião reduz a missão cristã a uma campanha de marketing, onde os
fins justificam os meios. Se um método "funciona" (atrai multidões,
gera engajamento, arrecada fundos), é automaticamente validado, mesmo que
desvirtue o evangelho. Não é a toa que os fundadores desses movimentos se
comportam como donos de uma instituição, como empreendedores e seus movimentos
religiosos como empresas.
Contraste
Bíblico:
Em Filipenses,
Paulo não busca números, mas fidelidade – mesmo presa, ele
glorifica a Cristo (Filipenses 1:12-14). A verdadeira missão não é sobre
crescimento institucional, mas sobre discipulado (Mateus
28:19-20). Aqui temos uma linha que define cristianismo de falsa religião que
tome emprestado elementos litúrgicos e clichês religiosos, principalmente do
cristianismo para ganhar credito e enganar os desavisados.
2. O Ídolo
do Crescimento Numérico
Nesse movimento iníquo, ser
grande é ser abençoado. Megaigrejas, cultos lotados e métricas de
sucesso substituem a profundidade espiritual. A lógica é a mesma do
mundo: mais seguidores, mais influência, mais poder.
E como fazem isso? Articulando
mensagens de auto-estima, promessas triunfalistas que preenchem os anseios
humanos mais profundos, resolução para todos os problemas do homem, chavões e
clichês, frases de efeito psicológico e manipulação. Nunca houve uma época em
que o cristianismo fosse tão falsificado como a nossa época.
Contraste
Bíblico:
Jesus começou com doze – e um o traiu. Deus não mede fé por
estatísticas, mas por obediência (1 Samuel 15:22).
3. O Culto
ao Entretenimento
A Religião
empresarial prende as pessoas com espetáculos emocionais, onde o
culto vira show, a pregação vira stand-up, e a fé se reduz a uma experiência
sensorial. O fiel é consumidor, não servo. Há uma exploração do
sobrenatural na maioria das vezes, fingido, um estimulo ao emocionalismo que
produzem efeitos psíquicos.
Contraste
Bíblico:
Paulo não usou "linguagem persuasiva de sabedoria", mas
pregou "Cristo crucificado" (1 Coríntios 2:2-4). A
verdadeira adoração é em espírito e em verdade (João 4:23),
não em emoções efêmeras e flutuantes. Em muitos casos, parece haver uma
dependência de novas emoções agradáveis, suponho que essa seja a causa do
sucesso de muitos desses “empresários da fé”.
4. A
Teologia da Prosperidade: A Máquina de Venda Automática de Deus
Na industria da
religião, Deus é tratado como um garçom celestial, obrigado a
servir bênçãos em troca de "sementes financeiras". A fé vira
barganha, e o evangelho, um manual de autoajuda financeira. Um dos
sinais dessa apostasia é um líder do movimento ganhar muito dinheiro, ter
mansões, carros luxuosos, um salário altíssimo, enquanto seus clientes sejam
apenas expectadores passivos, os mercantilistas da fé não estão preocupados com
a alma seus fieis seguidores, somente nos bens delas.
Contraste
Bíblico:
Paulo aprendeu a viver na fartura e na escassez (Filipenses
4:12). Jesus não prometeu riquezas, mas perseguição (João
16:33).
5.
Celebridades Eclesiásticas e o Clericalismo
A Indústria da
Religião cultua nomes, títulos e hierarquias. Pastores viram influencers,
apóstolos viram magnatas, e o povo vira plateia passiva.
Talvez esse seja um sinal mais claro, o nicolaitismo. Uma multidão que assiste
os cultos de forma completamente passiva, não há o sacerdócio universal dos
santos, apenas uma platéia que aguarda milagres e ouve uma enxurrada de frases
de efeito psicológico e o uso de sermões voltados para o interesse egoísta.
Contraste
Bíblico:
Jesus lavou os pés dos discípulos (João 13:14). Em Filipenses, Paulo lembra
que Cristo esvaziou-se (Filipenses 2:5-7). O maior no Reino
é servo (Mateus 20:26).
6.
Revelações Secretas e o Mercado do Misticismo
A Indústria
Religiosa vende "palavras proféticas exclusivas", como se
Deus tivesse um clube VIP de revelações. Isso cria dependência de
"ungidos" e desvia o fiel da suficiência das Escrituras (2
Timóteo 3:16-17).
Contraste
Bíblico:
Paulo não trouxe novas revelações, mas "o que recebi
do Senhor" (1 Coríntios 11:23). O Espírito Santo guia todos
os crentes (João 16:13), não apenas uma elite espiritual.
7.
Dinheiro: O Combustível da Industria da Religião
Dízimos e ofertas
viram impostos religiosos, e Malaquias 3 é usado como chantagem
divina. Enquanto líderes acumulam riquezas, o pobre é explorado em nome da
"fé". Na fé mercantilista, tudo é alvo de lucro, orações, votos,
campanhas, amuletos, camisetas, lenços, água, lembrancinhas, estatuetas,
chaveiros, etc. O mercado das bugigangas católicas e evangélicas é fonte de
muito lucro!
Contraste
Bíblico:
Jesus elogiou a viúva pobre (Marcos 12:41-44), não os que
davam para aparecer. A generosidade deve ser voluntária e
alegre (2 Coríntios 9:7).
Conclusão:
O Caminho Estreito em Meio à Indústria
A indústria
religiosa é tão antiga quanta Mica (Juizes 17-18), que criou sua
própria religião doméstica, e Judas, que vendeu Jesus por trinta
moedas. Mas o verdadeiro evangelho não é negócio – é Cristo
crucificado (1 Corintios 1:23).
Mica
precisou de alguns elementos religiosos para começar um simulacro, inventar uma
religião com características judaicas, hoje em dia, cadeiras, um púlpito, um
título arrojado, uma mensagem egocentrada, promessas de prosperidade e
transcedentalismo , auto-estima, o testemunho (falso) de contato com uma
divindade para conferir crédito e (pseudo) autoridade espiritual são
suficientes para garantir uma multidão disposta a permanecer passiva diante do
espetáculo e doar parte dos seus bens para manter todo esse teatro.
Como discernir?
- Jesus é o centro? Ou o culto gira em torno de homens, milagres e dinheiro?
- A Bíblia é a autoridade? Ou "revelações" e tradições humanas a substituíram?
- Há serviço humilde? Ou apenas busca por poder e fama?
- Púlpito é lugar onde se prega contra o pecado
e é usado para proclamar o Evangelho? Ou é
o local onde a verdade é sacrificada para que o pragmatismo seja usado
como um meio para se alcançar um fim?
Que, como Paulo,
possamos dizer: "Para mim, o viver é Cristo" (Filipenses
1:21) – não números, não espetáculos, não riquezas. Só Cristo.
"Guardai-vos
dos falsos profetas!" (Mateus 7:15).
Alguns exemplos tirado das Escrituras para o nosso discernimento
espiritual:
Atos 16. Nesse capitulo encontramos a historia de Paulo
que expulsou o espírito de adivinhação de uma mulher que era possessa e
controlada por esse espírito divinatório. Essa mulher era o meio pelo qual um
certo homem lucrava muito, suponho que milhares de pessoas pagavam por uma
consulta. No texto, é mencionado que ela usava o nome de Deus, em referencia a
Paulo, o que suponho ser ela considerada como uma “profetisa”. É evidente que
ela conseguia prognosticar certos acontecimentos, e se ela usava o nome de Deus,
com certeza, tinha uma clientela muito grande, milhares de pessoas
procuravam-na para consultas espirituais, e seu “empresário” explorava a
crendice daqueles que estavam dispostos a ouvir uma profecia, mas quando Paulo
expulsou o espírito de adivinhação da mulher, o empreendimento do homem que a
usava, caiu por terra. A fé cristã verdadeira destruiu a espiritualidade falsa
e mercantilista, a exploração acabou, o espírito do erro foi expulso, e o
comercio religioso foi desbaratado.
Atos 19. Paulo agora está em Efeso, a cidade era conhecia
pelo santuário que foi erguido em veneração a Diana, multidões de peregrinos de
toda a província da Ásia, vinham até esse templo e santuário, uma multidão de
devotos se aglomerava envolta desse culto pagão, a deusa era a protetora da
cidade. Onde há multidão, aos olhos da religião mercante, há exploração, há
lucro. A confecção de bugigangas, lembranças, nichos da deusa Diana, miniaturas
da imagem dela, havia certo homem chamado Demetrio, um dos artesãos que faziam
essas mercadorias religiosas para vender e lucrar muito, pois os devotos, que
veneravam tanto a imagem da divindade erguida na cidade de Efeso, comparavam
essas mercadorias. Essa é base da Industria Religiosa, invente uma narrativa,
um milagre, uma aparição, algo sobrenatural, que atraia uma multidão disposta a
buscar, venerar, adorar, se emocionar por essas coisas, e onde uma multidão se
reúne, cria-se o ambiente propicio para arrancar dinheiro em nome da religião,
camisetas, pulseiras, anéis, chaveiros, canecas, uma infinidade de objetos
milagrosos, talismânicos, protetores, que movimentam milhões em arrecadação,
essa é a característica da Industria da Religião, sem contar com a barganha e a
negociação que se faz em nome de Deus, tudo para coagir, manipular, arrancar
dos fiéis, tudo o que seja necessário para engordar o cofres desse sistema.
Quando Paulo pregou o Evangelho em Efeso, muitos creram em Cristo,
verdadeiramente creram no verdadeiro Evangelho, e isso atrapalhou o negocio dos
mercantilistas religiosos, uma multidão protestou, um alvoroço, confusão,
protestos, o culto a Diana estava sendo desmascarado, a indústria religiosa
estava sofrendo prejuízos, pois o verdadeiro evangelho faz isso! A fé cristã
autentica desmascara, atrapalha e confronta a Indústria da Religião, e acima de
tudo, o verdadeiro cristão se posiciona contra essas coisas com mais severidade
quando o nome de Cristo é usado como uma marca infalível no sistema capitalista
corrupto da indústria religiosa. é um insulto, uma afronta a um santo, que alguém
use o nome de Jesus para manipular e extorquir pessoas!
Apocalipse 18. A
grande babilônia se destaca em apocalipse como um sistema que vende corpos e
almas de homens (Apocalipse 18:13). As pessoas são suadas para fins comerciais,
o capitalismo extremo misturado com a feitiçaria, os povos do mundo estavam
embriagados com o vinho da fornicação dessa terrível babilônia. Ora, a Babilônia
antiga se destacava pelo fato de que os impérios antigos eram imersos em suas
religiões, e a Babilônia é o berço de toda sorte de paganismo, idolatria,
ocultismo e panteísmo. Em Apocalipse esse sistema revivido é conhecido pelo seu
encantamento luxuriante conseqüente do comercio e aquisição de fortuna, vida
prazerosa e delicias emocionais extremas. Isso me faz lembrar-me do profeta
Ezequiel, pois o profeta antigo associa a injustiça do comercio com os níveis mais
baixos de iniqüidade (Ezequiel 28:10 e 18) Suponho que, na passagem do profeta
antigo, esteja associada a própria queda de Satanás, e é isso uma marca do
diabo, o comercio injusto, corpo e alma de homens, para fins egoístas e de benefícios
pessoais, para a satisfação dos instintos mais baixos e um mergulho nos
prazeres do luxo, das riquezas, conforto e o glamour pessoal. O hedonismo e o
niilismo ímpio vestido de crença religiosa para esconder toda a trapaça de seu
viés demoníaco. Há um brado contra a Indústria da Religião: “Porque é forte o
Senhor Deus que há julga” (Apocalipse 17:2)
Não
podemos ser tão bobos, acreditando que a Indústria da Religião e seus tentáculos,
seja de fato cristianismo bíblico, porque usam elementos da fé cristã para
justificarem suas praticas. Uma pessoa sem discernimento, que por natureza,
odeia o Evangelho da mensagem da cruz, amará um evangelho alternativo que
corresponda aos seus anseios do velho homem, e lhe dê a possibilidade de
barganhar com Deus, ou confiar seus problemas íntimos e espirituais à um agente
que se passe por um “enviado de Deus” ou “profeta” ou “apóstolo”, pois esses títulos
já trazem uma carga de efeito psicológico muito grande para as mentes fracas e
sem discernimento!
Mas
usar o nome de Deus, Cristo ou do Evangelho não é garantia de cristianismo
autentico, eles podem ser usados para fins malignos e grande será o juízo sobre
quem fizer essas coisas. Durante a
segunda Guerra Mundial, os carrascos da SS nazista mostravam seus emblemas com
a frase “Gott Mit Uns” que traduzido é “Deus está conosco”, acaso não é verdade
que os cruzados violentavam mulheres e assassinavam pessoas como o lema “Deus
quer”? Usar o nome de Deus para fins ímpios é uma das táticas mais eficientes
usadas pelos inimigos da fé cristã, pois os homens estão dispostos a crer nessas
coisas.
Mas
o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, a mensagem do Novo Testamento é
completamente diferente e oposta da Indústria da Religião. Se você está envolvido nesse lamaçal iníquo, se financia o luxo e a avareza de supostos “homens
de Deus”, “apóstolos” “profetas” há um convite para você: “Sai dela povo meu,
para que não sejais participantes de seus pecados” (apocalipse 18:4)
C.
J. Jacinto